11 novembro 2003

Falar ao sentimento

"Os sentimentos fazem a transposição do mundo da regulação automática para o mundo da regulação deliberada. Os sentimentos confundem-se com o princípio da consciência. Confundem-se, pois, com a possibilidade, não só de ter uma reacção automática, mas de saber que se tem essa reacção, e poder a partir daí construir conhecimentos e sintonizar essa reacção com determinados objectivos. Portanto, os sentimentos são indispensáveis para se conseguir criar um espaço de livre-arbítrio, que temos (isso é qualquer coisa que nos caracteriza humanamente), embora não tenhamos um enorme espaço de manobra; são indispensáveis para se conseguir deliberar, para se conseguir concluir (...)"

António Damásio
(na entrevista que concedeu ao filósofo André Barata para o Público)


Quem diria que a tão popularizada expressão de "falar ao sentimento" estava, afinal, carregada de "razões"?