22 setembro 2003

Excertos de um livro não anunciado (80)

(...) No mesmo sentido vai Philippe Breton quando se interroga sobre as razões porque a partir do séc. XIX, a retórica, como matéria de ensino, desapareceu dos programas escolares e universitários em França. Também ele pensa que o definhamento da retórica começou muito antes do séc. XIX, fundando essa sua posição, nomeadamente, no pensamento de Roland Barthes: "este descrédito é trazido pela promoção de um valor novo, a evidência (dos factos, das ideias, dos sentimentos) que se basta a si mesma e passa sem a linguagem (ou crê poder passar), ou pelo menos, finge já se servir dela apenas como de um instrumento, de uma mediação, de uma expressão. Esta 'evidência' toma, a partir do séc. XVI, três direcções: uma evidência pessoal (no protestantismo), uma evidência racional (no cartesianismo), uma evidência sensível (no empirismo)" * (...)

* Breton, P., (1998), A argumentação na comunicação, Lisboa: Publicações D. Quixote, p. 16