Acima da "Media" (2)
Ontem foi dia de jpp “disparar” uma série de “abruptas” rajadas sobre o que parece ser um dos seus alvos de estimação: os jornalistas. Profundo conhecedor (e interveniente) dos media, denuncia e critica o jogo de interesses, os “amiguismos”, a troca de favores e estratégias de poder que estarão por trás do muito que por aí se lê ou ouve. E tocou, sem dúvida em questões ético-políticas muito sensíveis que, aliás, poucos teriam o poder (ou frontalidade) de incluir na agenda blogosferica. Não me parece, porém, que, desta vez, tenha sido muito feliz em alguns considerandos e imputações.
Por exemplo:
Diz que os jornalistas gostam muito de acentuar títulos que subjectivamente lhes interessam - post “ARRASAR”. Ora seguramente que qualquer um de nós poderia dizer o mesmo também dos políticos, dos académicos, dos juristas, dos poetas, etc. Não será o que há de mais natural que todos (incluindo jornalistas) concedam destaque ao que “subjectivamente lhes interessa”? O contrário é que seria ilógico. Outra coisa é sustentar que esse “interesse subjectivo” é da ordem do censurável mas aí tem que se isolar e provar as respectivas infracções. Não o fazer é lançar a inadmissível suspeita sobre a generalidade dos jornalistas. Em minha opinião, ainda que involuntariamente, foi o que jpp fez. Compreendo por isso a imediata resposta que recebeu de jmf, do Terras do Nunca, resposta essa cujo brilho e humor são tão mais surpreendentes quanto se sabe que, ao recorrer à generalização, jpp eliminou logo à partida, qualquer hipótese de uma resposta mais substantiva.
Depois deixa perceber que a principal motivação das suas críticas é aquilo a que no seu post “INTENCIONALIDADES” chama de ”ataques aos comentadores”. Ora sendo também comentador, jpp surge a advogar em causa própria. E é essa proximidade pessoal com o objecto das suas críticas que não favorece a isenção e desprendimento que (e muito bem) gosta de ver nos outros.
Alega também que quem o vê e ouve, aos domingos, na SIC, sabe quem ele é, a que partido pertence, se tem ou não interesses na matéria, pois existe uma declaração de interesses financeiros publicada e acessível a todos. Como que o conhecimento público da sua pessoa, da sua filiação partidária e dos seus interesses financeiros, assegurasse, por si só, a sua total imunidade a “uma outra teia de amizades e influências, de “fontes” privilegiadas e contratos não escritos”. Uma falácia, portanto.
Igualmente lembra que “múltiplos canais de influência entre o poder político e os media não têm qualquer escrutínio, desde os que se fazem através dos negócios dos donos dos jornais e televisões, até a práticas que o público em geral desconhece” mas omite que tais canais de influência podem muito bem abranger os comentadores políticos. Quem escrutina os passos dados por um comentador até ao momento em que é convidado para aparecer na televisão? Poderia um ilustre desconhecido receber o convite que Pacheco Pereira recebeu ainda que estivesse igualmente preparado para a respectiva tarefa? Quem escrutina os termos do contrato que um comentador celebra com uma empresa mediática?
Por fim, a obsessão moralista, a parte do texto de jpp que mais apreciei, particularmente quando escreveu: “Do que eu gosto é da habitual moralidade das pessoas comuns, com qualidades e defeitos, que não se acham melhores do que os outros e que sabem que certas coisas não se fazem porque não se devem fazer, e, mesmo assim, de vez em quando enganam-se, que não andam todos os dias a debitar julgamentos morais sobre tudo e sobre todos.” Ainda bem que o Pacheco Pereira chama a atenção para o autêntico "big brother moral" que parece ter-se instalado entre nós com cada um a julgar-se mais santo do que o outro mas, ao mesmo tempo, a espiar tudo e todos, numa permanente caça às bruxas. Trata-se de facto, de uma obsessão moralista que só muito hipocritamente pode ser mantida, pois, como é evidente, o critério moral, qualquer que ele seja, antes de ser critério terá que ser humano.
É pois com alguma estranheza que confronto esta sua concepção sobre o julgamento moral com a persistente (ia a dizer persecutória) crítica a que vem submetendo Paulo Portas, hoje em dia já associável à popular imagem do “bater no ceguinho”. A mesma estranheza de resto, com que o vejo excepcionar das suas violentas críticas aos jornalistas, logo um profissional (Ricardo Costa) da mesma SIC que o acaba de contratar. Eu sei que pode muito bem ter sido uma coincidência. Mas as coincidências, regra geral, carecem de uma explicação. O que, até ao momento, não aconteceu.
Por exemplo:
Diz que os jornalistas gostam muito de acentuar títulos que subjectivamente lhes interessam - post “ARRASAR”. Ora seguramente que qualquer um de nós poderia dizer o mesmo também dos políticos, dos académicos, dos juristas, dos poetas, etc. Não será o que há de mais natural que todos (incluindo jornalistas) concedam destaque ao que “subjectivamente lhes interessa”? O contrário é que seria ilógico. Outra coisa é sustentar que esse “interesse subjectivo” é da ordem do censurável mas aí tem que se isolar e provar as respectivas infracções. Não o fazer é lançar a inadmissível suspeita sobre a generalidade dos jornalistas. Em minha opinião, ainda que involuntariamente, foi o que jpp fez. Compreendo por isso a imediata resposta que recebeu de jmf, do Terras do Nunca, resposta essa cujo brilho e humor são tão mais surpreendentes quanto se sabe que, ao recorrer à generalização, jpp eliminou logo à partida, qualquer hipótese de uma resposta mais substantiva.
Depois deixa perceber que a principal motivação das suas críticas é aquilo a que no seu post “INTENCIONALIDADES” chama de ”ataques aos comentadores”. Ora sendo também comentador, jpp surge a advogar em causa própria. E é essa proximidade pessoal com o objecto das suas críticas que não favorece a isenção e desprendimento que (e muito bem) gosta de ver nos outros.
Alega também que quem o vê e ouve, aos domingos, na SIC, sabe quem ele é, a que partido pertence, se tem ou não interesses na matéria, pois existe uma declaração de interesses financeiros publicada e acessível a todos. Como que o conhecimento público da sua pessoa, da sua filiação partidária e dos seus interesses financeiros, assegurasse, por si só, a sua total imunidade a “uma outra teia de amizades e influências, de “fontes” privilegiadas e contratos não escritos”. Uma falácia, portanto.
Igualmente lembra que “múltiplos canais de influência entre o poder político e os media não têm qualquer escrutínio, desde os que se fazem através dos negócios dos donos dos jornais e televisões, até a práticas que o público em geral desconhece” mas omite que tais canais de influência podem muito bem abranger os comentadores políticos. Quem escrutina os passos dados por um comentador até ao momento em que é convidado para aparecer na televisão? Poderia um ilustre desconhecido receber o convite que Pacheco Pereira recebeu ainda que estivesse igualmente preparado para a respectiva tarefa? Quem escrutina os termos do contrato que um comentador celebra com uma empresa mediática?
Por fim, a obsessão moralista, a parte do texto de jpp que mais apreciei, particularmente quando escreveu: “Do que eu gosto é da habitual moralidade das pessoas comuns, com qualidades e defeitos, que não se acham melhores do que os outros e que sabem que certas coisas não se fazem porque não se devem fazer, e, mesmo assim, de vez em quando enganam-se, que não andam todos os dias a debitar julgamentos morais sobre tudo e sobre todos.” Ainda bem que o Pacheco Pereira chama a atenção para o autêntico "big brother moral" que parece ter-se instalado entre nós com cada um a julgar-se mais santo do que o outro mas, ao mesmo tempo, a espiar tudo e todos, numa permanente caça às bruxas. Trata-se de facto, de uma obsessão moralista que só muito hipocritamente pode ser mantida, pois, como é evidente, o critério moral, qualquer que ele seja, antes de ser critério terá que ser humano.
É pois com alguma estranheza que confronto esta sua concepção sobre o julgamento moral com a persistente (ia a dizer persecutória) crítica a que vem submetendo Paulo Portas, hoje em dia já associável à popular imagem do “bater no ceguinho”. A mesma estranheza de resto, com que o vejo excepcionar das suas violentas críticas aos jornalistas, logo um profissional (Ricardo Costa) da mesma SIC que o acaba de contratar. Eu sei que pode muito bem ter sido uma coincidência. Mas as coincidências, regra geral, carecem de uma explicação. O que, até ao momento, não aconteceu.
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