07 outubro 2003

A nossa triste desdita

Com o intervalo de apenas 4 dias, dois ministros de Portugal mudaram de opinião da manhã para a tarde.

Pedro Lynce:

- disse que estava tranquilíssimo. E duas horas depois... demitiu-se.

Martins da Cruz:

- afirmou que estava fora de hipótese a sua demissão. E poucas horas mais tarde... demitia-se também.


O que pensar da "dita e desdita" destes dois ex-ministros?

Há duas hipóteses: ou mentiram ao país ou apenas mudaram de opinião. Mas não será preciso esperar pela confirmação de uma ou de outra para se concluir: ainda bem que se demitiram. Porque mesmo que não tenham praticado qualquer acto reprovável (sejamos mais prudentes na censura do que no elogio) deram mostras de uma labilidade decisória que de modo algum se coaduna com as mais altas responsabilidades de governação que lhes cabiam.

Obs - A propósito de palavra de honra e de confiança, fico com a impressão de que nada terá afectado mais a credibilidade pessoal destes dois ministros do que a forma atabalhoada (e reprovável?)como lidaram com a situação. Afinal, num país democrático, o ter que prestar contas pelos seus actos não é ainda a mais natural obrigação de todo o governante? É que, além do mais, a demissão de alguém que está a ser publicamente acusado sempre poderá surgir aos olhos de uma desprevenida opinião pública como verdadeira confissão. E, tanto quanto se sabe, não é.