31 outubro 2004

Bem perguntado

A pergunta é se os dirigentes de formação "profissional" partidária e pensamento único, que vêem a política como relações públicas, gestão e televisão, perfeitamente adaptáveis ao interregno de 1991-2001 e a um mundo sem trágico, sem conflitos, sem decisões, sem política, servirão para o tempo e as escolhas que vêm aí? Se a linguagem "soft", da reconciliação permanente dos opostos, por uma retórica abrangente e sem substância, serve perante a erupção brutal do macroterrorismo suicida, da fragmentação nacionalitária, do dualismo e exclusão sociais e regionais, da (quase) guerra das religiões e das raças? Será que servem ou será preciso "repolitizar a política" e procurar (outros) políticos?

Jaime Nogueira Pinto, in "Politizar a política", Expresso, 30 Outubro 2004