18 dezembro 2005

Provedor "ouve" a blogosfera

Ainda não há muito tempo, um leitor que quisesse protestar contra o seu jornal, tinha que telefonar ou escrever para o Director e ficar na expectativa de ver ou não a sua queixa publicada. Em qualquer dos casos, a última palavra pertencia sempre ao Jornal. Se o reparo do leitor lhe fosse inconveniente, por exemplo, em termos de imagem, o protesto corria o risco de não chegar a ver a luz do dia.

Com a blogosfera tudo mudou. O leitor tem acesso imediato à edição e pode, por isso, livremente, tornar público o seu descontentamento, criticar ou apresentar sugestões, relativamente às práticas jornalísticas deste ou daquele órgão de informação. Desapareceu, portanto, a possibilidade do jornal em causa silenciar a opinião do leitor. É certo que, por agora, ainda lhe resta a hipótese de o ignorar, de o deixar a falar sozinho, de se fingir de morto, mas estou convencido que, à medida que a comunidade blogosferica (ou qualquer futura realidade mais ou menos semelhante) se for consolidando, irá também aumentando a velocidade e a dimensão da partilha de opiniões e reacções dos respectivos leitores.

Não sei o que o actual Provedor do JN pensa disto, mas honra lhe seja feita, desde sempre deu a devida atenção às críticas ou comentários dirigidos ao Jornal de Notícias na blogosfera.
Este seu excelente artigo de hoje (*) é só um exemplo. Para quem queira acompanhar mais de perto o assunto, fica aqui a notícia do JN que critiquei no meu post Título enganoso.


(*) Parece óbvio, contudo, que a expressão "os envolvidos" não implica "todos os envolvidos". Exemplos: o uso de expressões tais como “os portugueses lêem pouco” ou “os alunos da Turma B são muito aplicados” ou ainda “os amigos são para as ocasiões”, não reporta, necessaria e respectivamente, a todos os portugueses, todos os alunos da Turma B ou a todos os amigos (embora tal possa sugerir). Também não se vislumbra qualquer diferença, nem de significado nem de sentido, entre a expressão "os envolvidos" e o termo "envolvidos". Em princípio, ambos significam a mesma coisa, quer quando denotam a parte quer quando denotam o todo. Será que a Carla Quevedo nos pode dar aqui a sua autorizada ajuda?