04 agosto 2003

Excertos de um livro não anunciado (31)

(...) Igualmente no caso das confissões realizadas sob tortura, formula regras técnicas de proceder conforme tais confissões nos são ou não favoráveis.

"As declarações sobre tortura são também testemunhos e dão a impressão de que que têm credibilidade, porque há nelas uma certa necessidade acrescentada. Nem sequer é difícil ver os argumentos precisos no que a elas se refere e cuja importância devemos engrandecer, no caso de nos serem favoráveis, no sentido de que são estes os únicos testemunhos verídicos. No caso de nos serem contrários e favoráveis à outra parte, trataremos de minimizá-los, falando em geral sobre qualquer género de tortura, pois não se mente menos quando alguém se vê coagido, seja enchendo-se de coragem para não dizer a verdade, seja recorrendo facilmente a mentiras para terminar a tortura mais cedo” *

Por aqui se vê como, no que respeita à persuasão, Aristóteles acaba por se colocar num plano estritamente técnico, estudando os meios sem tomar partido pelos fins. Com isso se afasta definitivamente do exaltado moralismo platónico, compreendendo, assim, o ponto de vista dos retóricos profissionais, que assume agora como seu. (...)

* Aristóteles, (1998), Retórica, Madrid: Alianza Editorial, p. 136