Excertos de um livro não anunciado (85)
(...) Mas, como sublinha Perelman, a questão não reside no método cartesiano em sim mesmo, mas sim, no desmesurado âmbito da sua aplicação, que relembremos, seria o de "todas as coisas que podem cair no conhecimento dos homens" *. É que Descartes tão pouco quis limitar as suas regras ao discurso matemático, antes se propôs fundar uma filosofia verdadeiramente racional e é aí, como acentua Perelman, que ele dá "...um passo aventureiro, que o conduz a uma filosofia contestável, quando se lembra de misturar uma imaginação propriamente filosófica com as suas análises matemáticas, transformando as regras inspiradas pelos geómetras em regras universalmente válidas"** (...)
* Descartes, R., (1998), Discurso do Método, Porto: Porto Editora, p. 73
** Perelman, C., (1993), O Império Retórico, Porto: Edições ASA, p. 163
* Descartes, R., (1998), Discurso do Método, Porto: Porto Editora, p. 73
** Perelman, C., (1993), O Império Retórico, Porto: Edições ASA, p. 163
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