Não há perguntas grátis
Lembram-se: Prado Coelho recusou, há dias, explicar a João Bénard da Costa o que entende por orgasmo vertical. Em vez disso, remeteu-o para uma ainda mais obscura "geometria libidinal". Quem leu, terá ficado perplexo. Talvez mesmo decepcionado. Na rápida volta que dei pela blogosfera percebi, entretanto, que o elogioso apoio foi, invariavelmente, para a "vítima" (J. Bénard da Costa). Para Prado Coelho sobraram os reparos, direi mesmo, uma censura "sem dó nem piedade". Mas não tanto por nada ou quase nada ter esclarecido o seu interlocutor, e sim, por ter usado aquilo a que poderíamos chamar de "agressividade discursiva" para responder, afinal, a um homem bom.
Não, não vou cometer para com João Bénard da Costa a injustiça de considerar que se limitou a fazer uma inocente pergunta. Pelo contrário, o contexto em que ela tem lugar, "fala por si": quis-se meter com Prado Coelho, foi o que foi. E não precisamos de pedir ajuda à pragmática da linguagem para saber que toda a pergunta tem sempre um certo "quantum" de afirmação, susceptível de perturbar a sua recepção. Por exemplo, não é aconselhável perguntar a alguém: "Você rouba?". Porque ao responder, o visado confirma, automaticamente, que não é inteiramente claro ou certo que ele não roube. As perguntas, portanto, também ofendem, ridicularizam, depreciam.
Foi a pergunta de João Bénard da Costa depreciativa para Prado Coelho? Não sabemos (cá estou eu a dizer mais do que escrevo, pois ao nao sabermos se foi depreciativa estamos a admitir que o possa ter sido). Pessoalmente, tendo até a pensar que foi tão só uma mera brincadeira ou um "meter de conversa". Mas o que é aqui relevante é a "abertura semântica" da dita pergunta, o leque de interpetações a que se sujeita e a pluralidade de sentidos que se oferecem à escolha do respectivo interlocutor. E como é óbvio, João Bénard da Costa, sabia (e sabe) muito bem disso. Nestas condições, Prado Coelho tem, pois, o direito de responder com base na pior das interpretações ainda possíveis. E, em minha opinião, foi o que fez. Creio mesmo que o facto de João Bénard da Costa ter saído da controvérsia como saiu, sorrateiramente, em pé de página e num tom não mais do que lamurioso, veio apenas mostrar como, no tocante à estratégia da argumentação, Bénard da Costa sabe muito bem que Prado Coelho sabe o que ele sabe.
Nada de mais, portanto. O que se passa é que Prado Coelho disse onde Bénard da Costa silenciou. Para além disso, talvez tenha incorrido num certo "excesso de defesa", pois a sua resposta parece desproporcionada face à natureza da respectiva pergunta. Mas também não custa admitir que a pergunta era tão simples e tão curta que qualquer resposta teria sempre de resultar desproporcionada. Enfim, tudo está bem quando acaba bem.
Não, não vou cometer para com João Bénard da Costa a injustiça de considerar que se limitou a fazer uma inocente pergunta. Pelo contrário, o contexto em que ela tem lugar, "fala por si": quis-se meter com Prado Coelho, foi o que foi. E não precisamos de pedir ajuda à pragmática da linguagem para saber que toda a pergunta tem sempre um certo "quantum" de afirmação, susceptível de perturbar a sua recepção. Por exemplo, não é aconselhável perguntar a alguém: "Você rouba?". Porque ao responder, o visado confirma, automaticamente, que não é inteiramente claro ou certo que ele não roube. As perguntas, portanto, também ofendem, ridicularizam, depreciam.
Foi a pergunta de João Bénard da Costa depreciativa para Prado Coelho? Não sabemos (cá estou eu a dizer mais do que escrevo, pois ao nao sabermos se foi depreciativa estamos a admitir que o possa ter sido). Pessoalmente, tendo até a pensar que foi tão só uma mera brincadeira ou um "meter de conversa". Mas o que é aqui relevante é a "abertura semântica" da dita pergunta, o leque de interpetações a que se sujeita e a pluralidade de sentidos que se oferecem à escolha do respectivo interlocutor. E como é óbvio, João Bénard da Costa, sabia (e sabe) muito bem disso. Nestas condições, Prado Coelho tem, pois, o direito de responder com base na pior das interpretações ainda possíveis. E, em minha opinião, foi o que fez. Creio mesmo que o facto de João Bénard da Costa ter saído da controvérsia como saiu, sorrateiramente, em pé de página e num tom não mais do que lamurioso, veio apenas mostrar como, no tocante à estratégia da argumentação, Bénard da Costa sabe muito bem que Prado Coelho sabe o que ele sabe.
Nada de mais, portanto. O que se passa é que Prado Coelho disse onde Bénard da Costa silenciou. Para além disso, talvez tenha incorrido num certo "excesso de defesa", pois a sua resposta parece desproporcionada face à natureza da respectiva pergunta. Mas também não custa admitir que a pergunta era tão simples e tão curta que qualquer resposta teria sempre de resultar desproporcionada. Enfim, tudo está bem quando acaba bem.
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