O que diz a foto?
É abusiva a interpretação que Pacheco Pereira faz desta fotografia(*), na Sábado de hoje:
O poder parece só pesar a Álvaro Barreto, que é o único que está preocupado e parece não achar graça nenhuma ao que se está a passar (...) Os outros dois são jongleures, jogadores da ribalta mediático-política, hábeis, sobreviventes do cimo da onda, mestres na espuma em que nos estamos tornando (...). Querem lá saber do peso que Álvaro Barreto carrega aos ombros. O Primeiro-ministro está no gozo ao telefone, a mão tapa a conversa do seu vizinho do lado mas quase se adivinham as palavras (...). O Ministro da Defesa está satisfeito, com a mão no Velho Dinheiro, que tanto glorificou no Independente, e o olhar no mundo do Novo Dinheiro que tanto ajudou a estabelecer quanto dele pensa ser imune e superior. O seu sorriso diz-nos: o mundo é meu (...)
É abusiva porque, como se sabe, qualquer fotografia capta e destaca apenas um instante entre muitos outros instantes sobre os quais a fotografia nada diz e portanto, também nenhuma generalização permite. É abusiva porque, num regime democrático, em nenhum caso se espera que os governantes permaneçam em rígida pose ministerial, quiçá fingindo dar a maior atenção desde o início até ao fim dos respectivos trabalhos parlamentares. É abusiva porque a fotografia não mostra os factos ou pensamentos que, naquele momento, terão estado por detrás das diferentes posturas pessoais e que, eventualmente, as justificariam.
E no entanto... face ao mais recente desempenho político das três pessoas fotografadas e, em especial, pelo modo como nos vêm governando, a foto em causa emerge como verdadeira preciosidade iconológica cujo sentido mais profundo em muito ultrapassa o momento que fixou. É bem possível, por isso, que a interpretação (genial) de Pacheco Pereira não ande muito longe da verdade. É abusiva, porque lhe falta a robustez da prova inequívoca. Mas mais abusivo seria ficar à espera de uma prova impossível. Até porque os visados sabem muito bem que "quem não quer passar por lobo não lhe veste a pele".
(*) onde surgem Santana Lopes, Álvaro Barreto e Paulo Portas a assistir à discussão parlamentar do orçamento. (Excelente trabalho do fotógrafo António Pedro Ferreira, do Expresso)
O poder parece só pesar a Álvaro Barreto, que é o único que está preocupado e parece não achar graça nenhuma ao que se está a passar (...) Os outros dois são jongleures, jogadores da ribalta mediático-política, hábeis, sobreviventes do cimo da onda, mestres na espuma em que nos estamos tornando (...). Querem lá saber do peso que Álvaro Barreto carrega aos ombros. O Primeiro-ministro está no gozo ao telefone, a mão tapa a conversa do seu vizinho do lado mas quase se adivinham as palavras (...). O Ministro da Defesa está satisfeito, com a mão no Velho Dinheiro, que tanto glorificou no Independente, e o olhar no mundo do Novo Dinheiro que tanto ajudou a estabelecer quanto dele pensa ser imune e superior. O seu sorriso diz-nos: o mundo é meu (...)
É abusiva porque, como se sabe, qualquer fotografia capta e destaca apenas um instante entre muitos outros instantes sobre os quais a fotografia nada diz e portanto, também nenhuma generalização permite. É abusiva porque, num regime democrático, em nenhum caso se espera que os governantes permaneçam em rígida pose ministerial, quiçá fingindo dar a maior atenção desde o início até ao fim dos respectivos trabalhos parlamentares. É abusiva porque a fotografia não mostra os factos ou pensamentos que, naquele momento, terão estado por detrás das diferentes posturas pessoais e que, eventualmente, as justificariam.
E no entanto... face ao mais recente desempenho político das três pessoas fotografadas e, em especial, pelo modo como nos vêm governando, a foto em causa emerge como verdadeira preciosidade iconológica cujo sentido mais profundo em muito ultrapassa o momento que fixou. É bem possível, por isso, que a interpretação (genial) de Pacheco Pereira não ande muito longe da verdade. É abusiva, porque lhe falta a robustez da prova inequívoca. Mas mais abusivo seria ficar à espera de uma prova impossível. Até porque os visados sabem muito bem que "quem não quer passar por lobo não lhe veste a pele".
(*) onde surgem Santana Lopes, Álvaro Barreto e Paulo Portas a assistir à discussão parlamentar do orçamento. (Excelente trabalho do fotógrafo António Pedro Ferreira, do Expresso)
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