A "desonestidade política"
Afinal, parece que Bagão e Sócrates estão bem um para o outro:
Um não revelou o défice que, diz agora, já conhecia.
O outro, fingiu nada saber de um défice que tinha obrigação de conhecer.
E para completar o ramalhete, vieram ambos falar da desonestidade política (dos outros), um "derivado" conceito de desonestidade sobre o qual, há já quase dois anos, aqui escrevi o seguinte:
Parece que virou moda: por dá cá aquela palha, no Parlamento ou fora dele - e com uma frequência que começa a ser preocupante - os deputados (ou alguns deputados) viram as costas aos argumentos e preferem acusar os seus interlocutores de desonestidade política. Repare-se que não se trata de uma verdadeira acusação pública de desonestidade. Nem pensar. Com o uso de tal expressão - defender-se-á o acusador - pretende-se tão somente exprimir a ideia de que o destinatário desse rótulo ou não cumpre o que prometeu, ou não é coerente com as convicções que publicamente defende ou não interpreta correctamente os anseios do povo, ou...ou...ou... qualquer outra coisa, que no fundo, se situará sempre no restrito âmbito da competência ou performance política e nunca na esfera da ética ou da moral. Ou seja, no vale-tudo em que está a transformar-se o combate políco-partidário no nosso país, recorre-se à acusação de desonestidade política para desse modo achincalhar o interlocutor e ferir a sua dignidade pessoal sem ter que prestar contas por tal ofensa. Porque, diga-se o que se disser, a qualificação da desonestidade como (apenas) política será sempre um mero artifício para fugir às responsabilidades do insulto, sem perder o impacto e a força persuasiva do mesmo. O resto é poeira para os nossos olhos. É que não há desonestidade política. Há apenas... desonestidade. A política não é uma gaveta à parte no armário da vida. Nenhum homem é um, fora da política, e outro, quando a ela recorre ou nela se envolve. (...) Que não haja, portanto, ilusões neste domínio: um sujeito que é desonesto na política é porque já o era antes, fora dela. Logo, a desonestidade política poderia ser tudo. Mas bem vistas as coisas e atento o seu uso corrente por parte de alguns dos nossos políticos, não é nada, afinal. Apenas mais uma retoriquice...
Já lá vão dois anos. E, por todas as razões, parece que foi ontem.
Um não revelou o défice que, diz agora, já conhecia.
O outro, fingiu nada saber de um défice que tinha obrigação de conhecer.
E para completar o ramalhete, vieram ambos falar da desonestidade política (dos outros), um "derivado" conceito de desonestidade sobre o qual, há já quase dois anos, aqui escrevi o seguinte:
Parece que virou moda: por dá cá aquela palha, no Parlamento ou fora dele - e com uma frequência que começa a ser preocupante - os deputados (ou alguns deputados) viram as costas aos argumentos e preferem acusar os seus interlocutores de desonestidade política. Repare-se que não se trata de uma verdadeira acusação pública de desonestidade. Nem pensar. Com o uso de tal expressão - defender-se-á o acusador - pretende-se tão somente exprimir a ideia de que o destinatário desse rótulo ou não cumpre o que prometeu, ou não é coerente com as convicções que publicamente defende ou não interpreta correctamente os anseios do povo, ou...ou...ou... qualquer outra coisa, que no fundo, se situará sempre no restrito âmbito da competência ou performance política e nunca na esfera da ética ou da moral. Ou seja, no vale-tudo em que está a transformar-se o combate políco-partidário no nosso país, recorre-se à acusação de desonestidade política para desse modo achincalhar o interlocutor e ferir a sua dignidade pessoal sem ter que prestar contas por tal ofensa. Porque, diga-se o que se disser, a qualificação da desonestidade como (apenas) política será sempre um mero artifício para fugir às responsabilidades do insulto, sem perder o impacto e a força persuasiva do mesmo. O resto é poeira para os nossos olhos. É que não há desonestidade política. Há apenas... desonestidade. A política não é uma gaveta à parte no armário da vida. Nenhum homem é um, fora da política, e outro, quando a ela recorre ou nela se envolve. (...) Que não haja, portanto, ilusões neste domínio: um sujeito que é desonesto na política é porque já o era antes, fora dela. Logo, a desonestidade política poderia ser tudo. Mas bem vistas as coisas e atento o seu uso corrente por parte de alguns dos nossos políticos, não é nada, afinal. Apenas mais uma retoriquice...
Já lá vão dois anos. E, por todas as razões, parece que foi ontem.
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