28 junho 2005

Telepac: um choque tecnológico

São duas as empresas que, há muito, me ligam à internet: a Telepac (em casa) e a NetCabo (no local de trabalho). Da primeira sou cliente-pioneiro; à segunda também aderi logo após o seu aparecimento. E, de um modo geral posso dizer que a ligação, propriamente dita, tem corrido bem em ambos os casos, exceptuando umas quantas arreliadoras quebras de serviço por parte da Telepac e alguma lentidão do lado da NetCabo, especialmente a certas horas do dia. Agora que estou a escrever isto, mal comparado, sinto-me como aquele segurado que diz muito bem da sua companhia de seguros e que perguntado sobre o que o leva a pensar assim, dispara que já é segurado "deles" há uma data de anos e que nunca lhe criaram problemas. O coitado nem se dá conta de que em todos esses anos nunca participou qualquer acidente...

Mas quis o destino que num intervalo de apenas 24 horas, ficasse subitamente privado das duas ligações. Foi, até hoje, o único "choque tecnológico" que presenciei e, devo dizer que não lhe achei graça nenhuma. Permitiu-me, no entanto, comparar o serviço de assistência de cada uma das empresas com base na dupla aventura que sumarissimamente passo a descrever.


Na Telepac:

Depois de sucessivos contactos telefónicos durante os quais fui atendido, em média, por sete operadores diferentes que ficavam a passar a chamada de uns para os outros com o argumento de que para resolver o meu problema tinham que passar a uma "segunda linha específica", fui finalmente aconselhado a enviar (pelo correio) o meu modem para os Serviços Técnicos da Telepac e a ficar a aguardar indicações. Hoje os CTT's deixaram-me em casa um novo modem sem qualquer indicação do que se terá passado. Já instalei o aparelho e parece-me que o problema da falta de acesso continua. Mas isso agora já nem me "dói" tanto pois a longa e penosa espera como que me anestiou. E não era para menos pois estou nisto desde o passado dia 11. Há, portanto, 17 dias que a Telepac me mantém "fora de serviço", tratando-me sempre como se eu estivesse do outro lado do mundo, fisicamente inacessível ou como se fosse economicamente incomportável mandar cá a casa um técnico que resolvesse o problema de uma vez. Daí que chegue até a duvidar que a Telepac exista. Mas deve existir, sim, porque vejo a sua publicidade por todo o lado. Quer dizer, não vejo o serviço mas vejo a publicidade que lhe é feita. Ou é de mim, ou a empresa desmaterializou-se a tal ponto no virtual que os clientes já não conseguem pôr-lhe a vista em cima. Parece-me justo, por isso, que, se continuar assim, mais tarde ou mais cedo, seja a própria Telepac a não descortinar os seus ex-clientes.


Na NetCabo:

Apesar do meu primeiro telefonema a dar conta da falta de acesso, ter ocorrido ao cair da noite de uma sexta-feira, foi-me imediatamente garantido que na manhã seguinte, sábado, seria procurado por um técnico da empresa para me solucionar o problema, in loco. Querem saber a verdade? Nem acreditei. Mas na manhã seguinte, com efeito, lá estava o técnico em carne e osso, tentando detectar a anomalia. Que não, que afinal não era do modem, nem de qualquer outro acessório ou parte da instalação. A causa era exterior ao próprio prédio. Daí que lamentava mas nada podia fazer. Restava-lhe comunicar aos respectivos serviços centrais da NetCabo para iniciarem a pesquisa da avaria na rua. Pensei para mim que já tinha visto aquele "filme". Mas uma hora depois telefona-me alguém da NetCabo-Lisboa, a perguntar como tinha corrido a visita do técnico. Expliquei o que se passara e, ao contrário do que sucedera na Telepac, logo percebi no meu anónimo interlocutor, um real interesse em eliminar ou, pelo menos, atenuar o meu descontentamento. "E ele não o deixou com os serviços mínimos?" Serviços mínimos? - o que é isso, perguntei. "É um sinal fraco mas suficiente para aceder à internet enquanto não reparamos totalmente a avaria". Ah... não, não, continuo mesmo sem acesso. "Então fique tranquilo que o técnico vai voltar aí ainda hoje". Quem voltou a duvidar da fartura fui eu. Mas arrependi-me pouco depois, quando o representante da NetCabo voltou, de facto, e me repôs o acesso nos limites dos tais "serviços mínimos". Eu nem simpatizava por aí além com a NetCabo, não me perguntem porquê. Nem eu sei. O que eu sei, hoje, de fonte segura, é que das duas citadas empresas só a NetCabo se preocupou com os meus direitos.