Excerto de um livro não anunciado (284)
É certo que já o filósofo da corrente fenomenológica, Robert Solomon, tinha defendido no seu livro "The Passions.The Myth and Nature of Human Emotions" (1976), que as emoções desempenham um papel fundamental nos nossos juízos ou decisões: “diz-se que as emoções distorcem a nossa realidade; eu defendo que elas são responsáveis por ela. As emoções, dizem, dividem-nos e desencaminham-nos dos nossos interesses; eu defendo que as emoções criam os nossos interesses e os nossos propósitos. As emoções, e consequentemente as paixões em geral, são as nossas razões na vida. Aquilo a que se chama ‘razão’ são as paixões esclarecidas, ‘iluminadas’ pela reflexão e apoiadas pela deliberação perspicaz que as emoções na sua urgência normalmente excluem” (*).Esta intuição sobre a racionalidade das emoções foi aliás partilhada por diversos outros autores, cujas obras - entre as quais se destaca The Rationality of Emotion do filósofo luso-canadiano Ronald De Sousa (1991) - vieram pôr em causa a clássica dicotomia entre razão e emoção. Mas é com Damásio que a impossibilidade de separar a racionalidade das emoções surge devidamente caucionada pela metodologia científica.
(*) Cit. in Daniel Goleman, (1996), Inteligência Emocional, Lisboa: Círculo dos Leitores, p. 11
(*) Cit. in Daniel Goleman, (1996), Inteligência Emocional, Lisboa: Círculo dos Leitores, p. 11
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