Mitologia jornalística (1)
A objectividade em jornalismo é um mito que caiu há muito – afirmava a jornalista Judite Jorge no Expresso da passada semana, logo adiantando que os jornalistas devem apenas ser capazes de dizer aos seus leitores “isto é o que nós pensamos, isto é o modo como interpretamos os factos, estas são as nossas opiniões” ou, numa versão mais personalizada, “foi isto que vi, foi assim que vi”. Só lhe faltou mesmo acrescentar: “e agora acreditem se quiserem”.
Sinceramente, não percebo o que leva alguns jornalistas a defenderem que só têm que dizer aos seus leitores “isto é o que nós pensamos” ou “estas são as nossas opiniões”. Primeiro, porque bem mais alta é (sempre teria que ser) a exigência ético-epistemológica de uma profissão que tem a verdade (*) como referência obrigatória. Depois porque, num jornalismo voltado para os leitores, a recepção dos factos relatados depende sempre, como se sabe, do maior ou menor grau de persuasão ou convencimento que a sua comunicação suscite. Ora não há persuasão nem convencimento quando não se avançam razões ou fundamentos para se afirmar o que se afirma. Finalmente, porque só por ingenuidade ou manifesta sobranceria se pode hoje esperar (para não dizer exigir) que o leitor confie cegamente no jornal que lê, ou seja, naqueles que o escrevem.
Pelo contrário, o que há que reconhecer é que, em princípio, aquilo que o jornalista pensa (ou opina) nenhum interesse tem para o leitor se não for acompanhado da devida explicação, das fontes ou critérios de verificação que o levaram a concluir o que concluiu. Tudo o que o jornalista deve fazer é canalizar para o leitor a máxima informação (e opinião) possível, em ordem a permitir-lhe uma apreciação autónoma dos factos relatados. Com rigor e objectividade. Sem truques nem fantasia. Porque em caso algum o jornalista poderá ser confundido com um mágico que da sua arte mostra ao público apenas o suficiente para o manter na ilusão. Caiu o mito da objectividade? Óptimo. Caia o mito. Mas segure-se a objectividade porque só ela nos pode livrar de um mito muito pior: o mito da subjectividade.
(*) Para ler mais.
* Referido em: Jornalismo e Comunicação
Sinceramente, não percebo o que leva alguns jornalistas a defenderem que só têm que dizer aos seus leitores “isto é o que nós pensamos” ou “estas são as nossas opiniões”. Primeiro, porque bem mais alta é (sempre teria que ser) a exigência ético-epistemológica de uma profissão que tem a verdade (*) como referência obrigatória. Depois porque, num jornalismo voltado para os leitores, a recepção dos factos relatados depende sempre, como se sabe, do maior ou menor grau de persuasão ou convencimento que a sua comunicação suscite. Ora não há persuasão nem convencimento quando não se avançam razões ou fundamentos para se afirmar o que se afirma. Finalmente, porque só por ingenuidade ou manifesta sobranceria se pode hoje esperar (para não dizer exigir) que o leitor confie cegamente no jornal que lê, ou seja, naqueles que o escrevem.
Pelo contrário, o que há que reconhecer é que, em princípio, aquilo que o jornalista pensa (ou opina) nenhum interesse tem para o leitor se não for acompanhado da devida explicação, das fontes ou critérios de verificação que o levaram a concluir o que concluiu. Tudo o que o jornalista deve fazer é canalizar para o leitor a máxima informação (e opinião) possível, em ordem a permitir-lhe uma apreciação autónoma dos factos relatados. Com rigor e objectividade. Sem truques nem fantasia. Porque em caso algum o jornalista poderá ser confundido com um mágico que da sua arte mostra ao público apenas o suficiente para o manter na ilusão. Caiu o mito da objectividade? Óptimo. Caia o mito. Mas segure-se a objectividade porque só ela nos pode livrar de um mito muito pior: o mito da subjectividade.
(*) Para ler mais.
* Referido em: Jornalismo e Comunicação
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