Excerto de um livro não anunciado (287)
Daí que, uma nova concepção da mente, que implique um diferente modo de olhar a relação entre razão e emoção, seja susceptível de vir a alterar também o nosso modo habitual de pensar a persuasão. Damásio não pretende, porém, negar o entendimento tradicional, aliás confirmado por investigações recentes, de que as emoções e os sentimentos podem, em certas circunstâncias, perturbar o processo normal de raciocínio. Pelo contrário, vale-se desse conhecimento adquirido para sublinhar que precisamente por se aceitar a influência prejudicial das emoções sobre o raciocínio é que é “ainda mais surpreendente e inédito que a ausência de emoções não seja menos incapacitadora nem menos susceptível de comprometer a racionalidade que nos torna distintamente humanos e nos permite decidir em conformidade com um sentido de futuro pessoal, convenção social e princípio moral” (*).
(*) António Damásio, (1995, O Erro de Descartes, Mem Martins: Publicações Europa-América, (15ª. ed.), p. 14
(*) António Damásio, (1995, O Erro de Descartes, Mem Martins: Publicações Europa-América, (15ª. ed.), p. 14
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