07 abril 2006

Estudos de retórica

Este número da Revista de Comunicação e Linguagens sobre retórica não é o primeiro a abordar o tema. Mas isso não significa que não fosse tempo de retomar a problemática que a si própria se renova, num contexto já assaz transformado.
Sob o nosso enunciado geral, cabem contribuições muito diversificadas e, frequentemente, nos limites em que fazem a retórica confinar com a linguística, a teoria literária, a filosofia, o politico, ou que a interrogam nalgumas das suas aplicações, como é o caso da publicidade, ou

das suas interpelações, como se dá o caso com a de hipertexto.

Em suma, as contribuições que hoje aqui podemos ler acabam sempre ou lidar de maneira mais próxima e explícita ou, pelo contrario, de modo mais periférico ou implícito, com a disciplina retórica cuja centralidade se tem vindo a intensificar no modo de pensar contemporâneo.
Isso acontecerá, sem dúvida, por obra de diferentes factores. Desde logo pela sua inextricável relação à problemática da linguagem, uma vez que a põe em acção pela finalidade persuasiva, mas também, e de algum modo daí decorrente, pelo papel que a sua dimensão desempenha no acto comunicativo.
Comunicação. Social ou interpessoal, é certamente hoje um processo que levanta no seu cerne a questão retórica por excelência e que é aí incontornável. Por questão retórica entender-se-á toda a interrogação sobre a possibilidade de moção ou co-moção no espírito do outro. O reconhecimento do problema da consciência é, por exemplo, um dos pressupostos da abordagem da referida problemática.
Estas são contribuições para a progressão de um trabalho em curso. A sua diversidade é também índice da complexidade das questões, mas, de qualquer modo, espera-se que daqui resultem expectativas para futuros desenvolvimentos nesta área da discursividade humana.

Tito Cardoso e Cunha