17 fevereiro 2007

Excerto de um livro não anunciado (363)

Esta afirmação carece, no entanto, de um prévio esclarecimento sobre a particular acepção de hipnose (1) que aqui acolhemos. Por um lado, porque até ao momento, “não existem teorias exaustivas que expliquem a hipnose.Todas as teorias são parciais. Cada uma fornece uma explicação a um certo nível” (2) e por outro, porque mesmo no domínio terminológico, subsistem distinções cuja relevância varia de autor para autor (3). Subjacente a esta falta de unidade teórica sobre a hipnose, está uma questão que permanece por resolver: a de saber se o estado hipnótico “contém algo de específico ou unicamente os elementos introduzidos pelo hipnotizador” (4). Para uns (5), a hipnose não é mais do que sugestão. Para outros, é de admitir “a existência específica de um estado hipnótico assente sobre uma base quase orgânica” (6) chegando Chertok a defini-lo como um “quarto estado do organismo, actualmente não objectivável (ao inverso de três outros: a vigília, o sono, o sonho): uma espécie de potencialidade natural, de dispositivo inato....” (7).

(1) Referir-nos-emos aqui, sobretudo, à hipnose psicoterapêutica, por corresponder, incontestavelmente, ao campo de aplicação mais testado pela investigação científica.
(2) L. Chertok (1989), L’hypnose, Paris: Éditions Payot, p. 35
(3) Situação muito análoga ao que se passa com a investigação experimental da persuasão.
(4) L. Chertok (1989), L’hypnose, Paris: Éditions Payot, p. 33
(5) Bernheim e seus seguidores.
(6) L. Chertok (1989), L’hypnose, Paris: Éditions Payot, p. 33
(7) Ibidem, p. 260