11 junho 2007

CambalhOta do bom senso

Depois de Sócrates e Mário Lino terem jurado a pés juntos e várias vezes ao dia que a opção OTA era irreversível, a decisão que o Governo hoje anunciou de "estudar a localização do novo aeroporto em Alcochete é um regresso ao bom senso o qual, como diz Eduardo Pitta, do Da Literatura, nunca fez mal a ninguém. Mas na medida em que o Executivo dá o dito por não dito, tem razão o FAL, do Corta-Fitas, quando sustenta que se tratou de um "recuo". É certo que não se deve censurar agora o Governo por ter recuado, quando era precisamente isso que se lhe exigia. Se há até um tempo próprio para cada coisa, este será tempo de saudação e regozijo. Mas para isso é necessário que o Governo se torne também um exemplo de sã convivência democrática com os seus erros e não apenas com os seus acertos. É necessário, sobretudo, que não queira meter-nos pelos olhos dentro uma descabida pretensão de infalibilidade. Como, por exemplo, quando tenta transformar o dito "recuo" numa "atitude responsável". Tivesse o Presidente da Republica ficado calado e a dita "atitude responsável" não teria dado a cambalhota que deu. Essa é que é essa.