24 fevereiro 2010

Não é nada censura, é tudo conversa



Momento especialmente tocante foi aquele em que José Leite Pereira, director do JN, deu (hoje) a saber que o primeiro-Ministro já lhe tinha telefonado, pelo menos por duas vezes, para protestar contra o conteúdo de algumas notícias. (Noticiário tsf)

E mais tocante ficou quando José Leite Pereira (porventura dando-se conta desta sua insólita revelação) acrescenta que acha isso normal pois também recebe telefonemas de outros agentes politicos. Que não têm a importância do primeiro-Ministro, como é óbvio, mas ainda assim, acha que é normal. Neste caso (no seu caso), tudo não passou de uma conversa com o sr. primeiro-Ministro, que até lhe permitiu dar a posição do jornal. "O problema tem tudo a ver com a maneira como a conversa decorre, o facto de haver uma conversa não me parece que seja um problema", remata.

Portanto, sr. primeiro-Ministro, já sabe: toca a conversar (sem problemas) com os directores de jornais, sempre que uma notícia lhe desagrade ou contrarie. E, já agora, para a próxima apresse-se um pouco mais, tente chegar antes de que seja publicada. Quem sabe se a "conversa" persuasiva não chegará ainda mais longe do que alguma vez a censura chegou? Se o que conta é "a maneira como a conversa decorre", não custa tentar, não é?