Excertos de um livro não anunciado (181)
(...) O facto do orador ter que colher as premissas da sua argumentação entre as teses já admitidas pelo auditório, para além de implicar uma escolha de factos e valores, faz surgir a necessidade de se decidir previamente sobre a melhor forma de os descrever, que tipo de linguagem deverá utilizar, qual a insistência com que o fará, tudo isso, em função da importância que lhes atribui. Naturalmente que a essa escolha de factos e valores seguir-se-á o recurso a adequadas técnicas de apresentação no intuito de os trazer para o primeiro plano da consciência, conferir-lhes uma visibilidade ou presença que torne quase impossível ignorá-los. É este efeito de presença que Perelman resolve ilustrar com uma curiosa narrativa chinesa já citada por Mencius:
Um rei vê passar um boi que deve ser sacrificado. Tem piedade dele e ordena que seja substituído por um carneiro. Confessa que tal lhe aconteceu por ter visto o boi e não ter visto o carneiro * (...)
* Perelman, C., (1993), O Império Retórico, Porto: Edições ASA, p. 55
Um rei vê passar um boi que deve ser sacrificado. Tem piedade dele e ordena que seja substituído por um carneiro. Confessa que tal lhe aconteceu por ter visto o boi e não ter visto o carneiro * (...)
* Perelman, C., (1993), O Império Retórico, Porto: Edições ASA, p. 55
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