02 janeiro 2005

Engenharia de tecidos humanos (2)

Foi há dias criada a Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular que integra cerca de 70 investigadores e tem como seu primeiro presidente o cientista Rui Reis, coordenador do Grupo de Investigação em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da Universidade do Minho.

A iniciativa, a que porventura ainda não foi dado o devido relêvo, reveste-se da maior importância científica e ético-social, pois, como frisa Rui Reis ao Expresso (*) reune as pessoas mais abalizadas na respectiva investigação e passa a constituir-se como "interlocutor científico e necessário ao poder político quando for tomada a decisão de legislar sobre a manipulação de células estaminais em Portugal" (**)

É que, como defende o presidente desta novel sociedade científica, "para serem tomadas decisões políticas a este respeito, não basta ouvir os comités de ética. É necessário que os decisores conheçam e entendam a argumentação científica". E não só os decisores, mas também os próprios cidadãos em nome dos quais são feitas as escolhas políticas. Daí que o Professor Rui Reis pretenda fazer da sociedade a que passou a presidir também uma referência de esclarecimento para a população portuguesa que torne possível uma "discussão pública séria e informada que se liberte da repetição de ideias pré-concebidas, muitas delas erradas". Partilhar a excelência, é o que isto é. Notável.


(*) Expresso, 31 Dezembro 2004

(**) É tristemente eloquente que Portugal seja um dos cinco países da União Europeia que continuam sem legislação específica sobre esta matéria. Os restantes são: Malta, Chipre, Luxemburgo e Republica Checa.