16 maio 2005

Não sei se diga, não sei se cale...

Imagino que seja qualquer coisa assim que Ana Sousa Dias fica a pensar durante o "apagão" a que o Professor Marcelo a submete, domingo após domingo. Que posição mais ingrata, a sua: se fica calada reduz-se a peça meramente decorativa; se fala, é imediatamente "cilindrada" pela interrupção do Professor.

Pior do que isso só quando o "entrevistado" resolve passar a conduzir a "entrevista", como bem ilustra Pedro D'Anunciação (*): "se ela ensaia uma colherada própria, Marcelo ignora-a. ("vamos começar por Blair", tentou a entrevistadora no último domingo, ao que imediatamente o protagonista contrapôs:"vamos antes começar por aquelas notinhas mais breves")"

"Ana Sousa Dias está a prejudicar a sua imagem de grande entrevistadora", conclui Pedro D'Anunciação, o que, aliás, só um cego é que não vê. Só um cego e, pelos vistos, a própria entrevistadora. Mas talvez estejamos a ser demasiado rigorosos. Quem disse que aquilo é uma entrevista? Não senhor. Aquilo não é entrevista nenhuma. Quer dizer, parece uma entrevista mas nao é. No dizer da própria RTP, tudo não passa de uma "conversa com a jornalista". Mas que conversinha...


(*) in Expresso de 2005.05.14