Governo calado para não dizer asneira
Vasco Pulido Valente, na sua crónica de hoje, no Público:
"O Eng.º Sócrates, em geral, não fala (...) O Governo também está calado. Por ordem do chefe, com certeza. Um ou outro ministro que se distraiu (Correia de Campos, Manuel Pinho) arranjou logo um sarilho e tão cedo não volta sequer a suspirar. (...) A paz reina. Não sucede nada. O responsável por este grande silêncio em que de repente se instalou o regime é Santana Lopes. Santana declarava, acrescentava, emendava; e tornava a declarar, a acrescentar, a emendar e a negar. À volta dele zuniam intrigas, desmentidos, dramas. Mas Santana deixou uma herança: hoje o objectivo de qualquer político é não ser Santana."
Note-se como Pulido Valente começa por denunciar o actual silêncio governativo mas logo a seguir atira as culpas para Santana Lopes por este, enquanto esteve no poder, ter passado a vida "a declarar, a acrescentar, a emendar e a negar".
É lógico que o errático estilo de Santana Lopes nunca poderia servir de modelo ao homem que lhe sucedeu. Mas deve reconhecer-se que Santana não caiu em desgraça por ter dado explicações a mais ao país e sim, porque frequentemente informava mal, entrava em contradição ou falava de assuntos que não dominava.
Logo, se José Sócrates não se queria parecer com Santana, bastava-lhe informar correctamente, não se contradizer nem dizer disparates. O nosso Primeiro, porém, optou por não falar. Tem esse direito. Mas fica a impressão de que impõe a lei da rolha a si próprio e ao seu Governo só para evitar aquele tipo de trapalhadas que minaram o anterior Executivo. Por outras palavras: o Governo fica calado... para não dizer asneira. Ora isto é, no mínimo, confrangedor. Qualquer dia fica quieto só para não errar.
"O Eng.º Sócrates, em geral, não fala (...) O Governo também está calado. Por ordem do chefe, com certeza. Um ou outro ministro que se distraiu (Correia de Campos, Manuel Pinho) arranjou logo um sarilho e tão cedo não volta sequer a suspirar. (...) A paz reina. Não sucede nada. O responsável por este grande silêncio em que de repente se instalou o regime é Santana Lopes. Santana declarava, acrescentava, emendava; e tornava a declarar, a acrescentar, a emendar e a negar. À volta dele zuniam intrigas, desmentidos, dramas. Mas Santana deixou uma herança: hoje o objectivo de qualquer político é não ser Santana."
Note-se como Pulido Valente começa por denunciar o actual silêncio governativo mas logo a seguir atira as culpas para Santana Lopes por este, enquanto esteve no poder, ter passado a vida "a declarar, a acrescentar, a emendar e a negar".
É lógico que o errático estilo de Santana Lopes nunca poderia servir de modelo ao homem que lhe sucedeu. Mas deve reconhecer-se que Santana não caiu em desgraça por ter dado explicações a mais ao país e sim, porque frequentemente informava mal, entrava em contradição ou falava de assuntos que não dominava.
Logo, se José Sócrates não se queria parecer com Santana, bastava-lhe informar correctamente, não se contradizer nem dizer disparates. O nosso Primeiro, porém, optou por não falar. Tem esse direito. Mas fica a impressão de que impõe a lei da rolha a si próprio e ao seu Governo só para evitar aquele tipo de trapalhadas que minaram o anterior Executivo. Por outras palavras: o Governo fica calado... para não dizer asneira. Ora isto é, no mínimo, confrangedor. Qualquer dia fica quieto só para não errar.
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