04 dezembro 2005

O que seria de nós sem partidos?

Um candidato presidencial mal colocado nas sondagens acusou o Prof. Cavaco de «ter vergonha do próprio partido». Bom, espero que assim seja, seria um traço bem simpático. Prosseguindo a usual cantiga da «defesada democracia», Manuel Alegre diz, contudo, que vê «gente muito medíocre à frente dos partidos». Ora viva! Parece que meio mundo está a acordar.

Paulo Cunha Porto, O Misantropo Enjaulado, 04.12.2005

Isto é o que chamo de "post bem disposto". De facto, do jeito que os partidos vão (e que até Alegre denuncia), por certo que "os portugueses" (quantos são... quantos são?) já nem se admiram que Cavaco tenha vergonha do seu próprio partido. Talvez estranhem bem mais que Soares não tenha vergonha do seu. Mas, caro Paulo, daí a defender o apartidarismo, parece-me que vai uma grande distância. É claro que precisamos de melhores forças partidárias mas não vejo como pode a democracia contemporânea sobreviver sem partidos. Mesmo num país pequeno como é o nosso, imagine o "chinfrim" de 10 milhões de "independentes" a puxarem cada um para seu lado. E depois não se esqueça: sem partidos não haveria, sequer, apartidários. Agora diga-me: o que seria de nós?

Publicado n'O Eleito.