03 novembro 2006

A mensagem do meio

Foi demorada mas, como sempre, também muito informativa a conversa que mantive nos últimos dias com o meu amigo Aristóteles. Falei-lhe da modernice dos nossos actuais meios de comunicação, do modo como influenciam o discurso, nomeadamente, o retórico. Mas por mais que lhe enunciasse as novas maravilhas tecnológicas, não chegou nunca a mostrar-se verdadeiramente entusiasmado. Novas maneiras de fazer a mesma coisa, resmungou: "comunicar, persuadir, convencer". Que o meio é tão mensagem, como o são o modo, o ritmo, o tempo e a sequência do mostrar ou dizer, observou. Como o assunto que se comunica e tantas outras coisas que metem a colherada no resultado ou efeito final da comunicação. Também na comunicação persuasiva. Encostado à parede, defendi-me como pude. Sugeri, pouco polidamente, é certo, que a comunicação mediática não cabe na sua noção de auditório, que não podemos confundir as antigas multidões com as actuais "massas" e que, comparativamente, a audiência é um salto no escuro. Com um sorriso meio reprovador, fez-me ver que não é bem assim e prometeu voltar para me explicar tudo muito direitinho. Como se eu fosse muito burro. É capaz de não ser má ideia, ó Grande Filósofo. E já agora, o jantar estava óptimo. Mas para a próxima pagou eu. Certo?