A retórica do mau perder
A propósito da não qualificação dos sub-21 para as meias-finais europeias, escreve (muito bem) Francisco Viegas:
Não compreendo, no entanto, que neste artigo se utilize duas vezes «conveniente empate» a propósito do resultado do jogo Bélgica-Holanda. Conveniente? Quer o texto insinuar que a Bélgica e a Holanda convieram no resultado para eliminar Portugal? (...). Ora, eu tenho vergonha desse tipo de insinuações (que também ouvi na rádio, aliás). Conveniente, o resultado? Portugal (que até pode eventualmente, ter melhor futebol do que os belgas) não merecia ir às meias-finais, isso sim. E não foi. Foi muito conveniente que não fosse.
É de facto uma vergonha que o "nosso" futebol (ou quem o diz) se agarre, por sistema, a manhosas insinuações para encontrar "bodes expiatórios" por este ou por aquele insucesso. Veja-se, por exemplo, a forma como José Couceiro, segundo o JN de hoje, justificou o fracasso:
"Falhamos o nosso objectivo, mas não foi por nossa culpa, nem por culpa dos jogadores"
Ai não? De quem foi a culpa, então? Minha é que não foi porque nem joguei nem orientei quem jogou. É muito estranho que José Couceiro não tenha uma ideia mais clara (e verdadeira) sobre o que esteve mal, que o mesmo é dizer, onde falharam (ele e a equipa). Mas se assim é, tem bom remédio. Que vá falar com o treinador israelita que, no final do jogo, para além de reconhecer a qualidade do nosso futebol, apontou a dedo a evidência das evidências: "só não estão nas meias-finais porque falharam no jogo com a Bélgica."
Falharam ou perderam, por culpa própria, é claro. E depois? Não é a derrota um dos resultados possíveis? Não depende qualquer equipa do que a outra deixa jogar? Não é a imprevisibilidade do resultado que torna uma partida de futebol mais emocionante? Ninguém gosta de perder, é certo. Mas é dentro do campo que se deve jogar e não fora dele. Ai de quem não hesita em mentir a si próprio só para "sacudir a água do capote". Se há coisa que se topa à distância é uma retórica do mau perder.
Não compreendo, no entanto, que neste artigo se utilize duas vezes «conveniente empate» a propósito do resultado do jogo Bélgica-Holanda. Conveniente? Quer o texto insinuar que a Bélgica e a Holanda convieram no resultado para eliminar Portugal? (...). Ora, eu tenho vergonha desse tipo de insinuações (que também ouvi na rádio, aliás). Conveniente, o resultado? Portugal (que até pode eventualmente, ter melhor futebol do que os belgas) não merecia ir às meias-finais, isso sim. E não foi. Foi muito conveniente que não fosse.
É de facto uma vergonha que o "nosso" futebol (ou quem o diz) se agarre, por sistema, a manhosas insinuações para encontrar "bodes expiatórios" por este ou por aquele insucesso. Veja-se, por exemplo, a forma como José Couceiro, segundo o JN de hoje, justificou o fracasso:
"Falhamos o nosso objectivo, mas não foi por nossa culpa, nem por culpa dos jogadores"
Ai não? De quem foi a culpa, então? Minha é que não foi porque nem joguei nem orientei quem jogou. É muito estranho que José Couceiro não tenha uma ideia mais clara (e verdadeira) sobre o que esteve mal, que o mesmo é dizer, onde falharam (ele e a equipa). Mas se assim é, tem bom remédio. Que vá falar com o treinador israelita que, no final do jogo, para além de reconhecer a qualidade do nosso futebol, apontou a dedo a evidência das evidências: "só não estão nas meias-finais porque falharam no jogo com a Bélgica."
Falharam ou perderam, por culpa própria, é claro. E depois? Não é a derrota um dos resultados possíveis? Não depende qualquer equipa do que a outra deixa jogar? Não é a imprevisibilidade do resultado que torna uma partida de futebol mais emocionante? Ninguém gosta de perder, é certo. Mas é dentro do campo que se deve jogar e não fora dele. Ai de quem não hesita em mentir a si próprio só para "sacudir a água do capote". Se há coisa que se topa à distância é uma retórica do mau perder.
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