Destino cruel
Impressionou-me ler na Tabu (*) deste fim de semana que Urbano Tavares Rodrigues já não gosta de viver.
Que a vida foi generosa com ele, que acha que sim. Que sempre se meteu muito a fundo nas coisas, que teve muitos sofrimentos e muitas alegrias. Mas à pergunta "Ainda gosta ou não?" responde com frontalidade: "Acho que não. Não gosto. Mas gostava intensamente de viver. De viver intelectualmente e viver fisicamente." Aos 83 anos, gravemente doente (do coração), Urbano Tavares Rodrigues vê o confronto com a morte tão presente na sua obra passar da ficção para a realidade. Tem consciência de que lhe resta um tempo de vida muito limitado, que a morte o pode surpreender a todo o momento. "Pensa nisso?", atira a jornalista. "Neste momento, penso serenamente. Não sei quando será, mas no meu caso é para breve"- assevera o escritor, que já não gosta de viver.
Que destino mais cruel: viver de paixões e, depois, perder a paixão pela própria vida.
(*) Entrevista de Catarina Homem Marques
Que a vida foi generosa com ele, que acha que sim. Que sempre se meteu muito a fundo nas coisas, que teve muitos sofrimentos e muitas alegrias. Mas à pergunta "Ainda gosta ou não?" responde com frontalidade: "Acho que não. Não gosto. Mas gostava intensamente de viver. De viver intelectualmente e viver fisicamente." Aos 83 anos, gravemente doente (do coração), Urbano Tavares Rodrigues vê o confronto com a morte tão presente na sua obra passar da ficção para a realidade. Tem consciência de que lhe resta um tempo de vida muito limitado, que a morte o pode surpreender a todo o momento. "Pensa nisso?", atira a jornalista. "Neste momento, penso serenamente. Não sei quando será, mas no meu caso é para breve"- assevera o escritor, que já não gosta de viver.
Que destino mais cruel: viver de paixões e, depois, perder a paixão pela própria vida.
(*) Entrevista de Catarina Homem Marques
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