09 dezembro 2007

Aterragem forçada

Há quase meio ano atrás Baptista Bastos estava como eu, na questão do novo aeroporto, quando escrevia:

Mário Lino defende, tenazmente, a Ota; Francisco Van Zeller, da CIP, pleiteia por Alcochete; Rui Moreira, presidente da Associação Comercial Portuense, anuncia que vai apresentar outro projecto, o Portela + 1; e a esmagadora maioria dos portugueses, eu incluído, nada sabe - a não ser que a confusão se transformou numa força definitiva.

Estudo os comentadores, ouço os debates, leio as notícias, tento decifrar o que os políticos ocultam nas promessas ininterruptas. Somos mais importantes do que o voto - insisto. E cada vez mais me inclino para a ideia de que o Parlamento (este Parlamento) não é a "casa da democracia", frase fatela também usada por Alberto Martins. (...)

No caso da escolha do novo aeroporto, que interesses estão envolvidos? Não creio que nenhum dos intervenientes tenha sido tocado pela "bondade patriótica". No caso de Lisboa a reticência mantém-se.


(...) Seria particularmente instrutivo proceder-se a uma vistoria sobre os percursos de centenas e centenas de "políticos", logo-assim "abandonam" o Parlamento, os ministérios, as secretarias de Estado. Dir-se-á: tem sido sempre assim. Há duas hipóteses: ou usamos a força cívica de que dispomos, mas só raramente utilizada, para alterar, substancialmente, esta pouca-vergonha; ou, então, acomodemo-nos à ideia de que, mais tarde ou mais cedo, emergirá das brumas um salvador da pátria.


Meio ano depois sou eu que estou como ele. Com todo este nevoeiro na escolha do aeroporto, é bom que nos preparemos para uma aterragem forçada. Forçada por quem, é só o que falta saber.