29 dezembro 2003

Os cientistas e os outros - II

Sobre as tão badaladas críticas tecidas por A. Sokal e J. Bricmont (e no caso português também por António M. Batista), relativamente ao "uso e o abuso por pós-modernistas da linguagem científica - muitas vezes não integrada no contexto - e das modas científicas mais mediáticas", veja-se como Jorge Dias de Deus se afasta do chamado "regime da peixeirada":

"Não acho que as críticas feitas, na generalidade, sejam erradas - antes pelo contrário. No entanto, na sua negatividade, revelam uma superficialidade simplificadora. Isto é: dizer que o outro menino é mau, para convencer a mamã que eu sou bom, não é objectivo que possa satisfazer alguém. Pelo menos, para mim, está longe de ser convincente. E depois, sempre que se me depara a caça aos erros científicos, lembro-me logo dos esforçados funcionários camarários na caça aos cães vadios, para futuro abate, como se estes, ao contrário dos cães bem integrados, não tivessem direito à vida..."

in "Da Crí­tica da Ciência à Negação da Ciência", Lisboa: Gradiva, p. 56