Malditos sejam
Há quem descortine uma estreita ligação entre a escolha de Freitas do Amaral para ministro dos negócios estrangeiros e o apoio político-eleitoral que o escolhido deu a Sócrates. Mas é preciso ser muito maldoso para suspeitar, sequer, de uma coisa dessas. Por mim, que sou a bondade em pessoa, estou convencido que o Prof. Freitas do Amaral manifestou o seu apoio ao Partido Socialista de forma absolutamente desinteressada.
Quem sabe até se com esta "cambalhota ideológica" não quis pôr um ponto final na sua carreira política? Sabe-se como, noutras circunstâncias, entrar em tão frontal contradição com o que foi o ideário de uma vida pode acarretar a total perda de credibilidade. Basta imaginar como passaria a ser encarado Mário Soares se, nestas mesmas eleições, tivesse publicamente declarado o seu apoio à democracia-cristã.
Estou por isso convencido que, quaisquer que tenham sido as suas mais íntimas motivações, Freitas agiu por imperativo de consciência, sem qualquer expectativa de vir a colher dividendos políticos. E muito menos terá representado a menor possibilidade de integrar um governo do PS. Sócrates é que não percebeu a pureza das suas intenções e nomeou-o ministro. Sem jogadas de poder, sem trocas de favor, sem prévia combinação. A escolha do "socialista" Freitas do Amaral não terá passado, pois, de uma infeliz coincidência que só abre a porta à maldosa especulação. Dos jornalistas. Dos comentadores. Dos cidadãos. Do país, afinal. Malditos sejam.
Quem sabe até se com esta "cambalhota ideológica" não quis pôr um ponto final na sua carreira política? Sabe-se como, noutras circunstâncias, entrar em tão frontal contradição com o que foi o ideário de uma vida pode acarretar a total perda de credibilidade. Basta imaginar como passaria a ser encarado Mário Soares se, nestas mesmas eleições, tivesse publicamente declarado o seu apoio à democracia-cristã.
Estou por isso convencido que, quaisquer que tenham sido as suas mais íntimas motivações, Freitas agiu por imperativo de consciência, sem qualquer expectativa de vir a colher dividendos políticos. E muito menos terá representado a menor possibilidade de integrar um governo do PS. Sócrates é que não percebeu a pureza das suas intenções e nomeou-o ministro. Sem jogadas de poder, sem trocas de favor, sem prévia combinação. A escolha do "socialista" Freitas do Amaral não terá passado, pois, de uma infeliz coincidência que só abre a porta à maldosa especulação. Dos jornalistas. Dos comentadores. Dos cidadãos. Do país, afinal. Malditos sejam.
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