Que falta de golpe de vista
Os jornais "Público" e "Jornal de Notícias" de hoje noticiam a inauguração do Parque da Lavandeira, em Oliveira do Douro, V. N. de Gaia, que teve lugar este sábado, com a presença de Luís Filipe Menezes e Fernando Seara. A cerimónia foi bastante concorrida e disso procuraram dar conta os dois citados jornais, ao avançarem ambos com uma estimativa sobre a quantidade das pessoas presentes.
O problema é que enquanto para o jornalista do JN o Parque da Lavandeira "foi invadido por dezenas de pessoas", já para o jornalista do Público "Luis Filipe Menezes aproveitou a presença de várias centenas de pessoas na inauguração para fazer um apelo ao voto livre nas autárquicas de Outubro".
Está bem. Já sabemos que, a partir de certa dimensão, não é fácil quantificar um aglomerado de pessoas. Mas uma coisa é a estimativa oscilar entre 60 ou 70 ou, vá lá, entre 600 e 700; outra será o de não se fazer qualquer ideia se num dado recinto estão presentes 70 pessoas ou mais de 300. Tenham lá santa paciência mas entre relatar dezenas de pessoas ou várias centenas de pessoas há um intervalo de erro tão desmedido que, afastada a hipótese da intencionalidade, só o desleixo profissional ou a notória falta de golpe de vista o pode justificar. Ora é esse intervalo de erro que separa as versões dos dois diários.
Resultado: quem comprou apenas um dos jornais, tomou a estimativa como verdadeira e, no entanto, pode ser falsa; quem comprou os dois, apenas ficou a saber que uma das estimativas é falsa mas ignora qual seja a verdadeira. Era exactamente o que me sucederia, se não tivesse estado presente na dita cerimónia. Como estive, tenho ao menos o privilégio de conhecer o "mentiroso". Pobre privilégio.
O problema é que enquanto para o jornalista do JN o Parque da Lavandeira "foi invadido por dezenas de pessoas", já para o jornalista do Público "Luis Filipe Menezes aproveitou a presença de várias centenas de pessoas na inauguração para fazer um apelo ao voto livre nas autárquicas de Outubro".
Está bem. Já sabemos que, a partir de certa dimensão, não é fácil quantificar um aglomerado de pessoas. Mas uma coisa é a estimativa oscilar entre 60 ou 70 ou, vá lá, entre 600 e 700; outra será o de não se fazer qualquer ideia se num dado recinto estão presentes 70 pessoas ou mais de 300. Tenham lá santa paciência mas entre relatar dezenas de pessoas ou várias centenas de pessoas há um intervalo de erro tão desmedido que, afastada a hipótese da intencionalidade, só o desleixo profissional ou a notória falta de golpe de vista o pode justificar. Ora é esse intervalo de erro que separa as versões dos dois diários.
Resultado: quem comprou apenas um dos jornais, tomou a estimativa como verdadeira e, no entanto, pode ser falsa; quem comprou os dois, apenas ficou a saber que uma das estimativas é falsa mas ignora qual seja a verdadeira. Era exactamente o que me sucederia, se não tivesse estado presente na dita cerimónia. Como estive, tenho ao menos o privilégio de conhecer o "mentiroso". Pobre privilégio.
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