16 outubro 2005

"Entregar o ouro ao bandido"

Esther Mucznik inicia a sua crónica de ontem, no Público, com esta verdadeira "pérola" político-eleitoral:

No seu número anterior às elei­ções autárquicas, a revista Sá­bado convidou um grupo de po­líticos de diferentes quadrantes a adivinhar a origem partidária de propostas constantes de programas eleitorais não identi­ficados. Este jogo curioso, porque é de um jogo que se tratava, teve resultados interessantes: os intervenientes foram praticamente inca­pazes de detectar a que partidos pertenciam os excertos dos programas eleitorais seleccio­nados, incluindo os seus próprios. Francisco Louçã, por exemplo, confundiu uma proposta de Fátima Felgueiras com uma do BE, o presi­dente do CDS trocou a autoria dos programas do PS e do PSD e uma proposta de Rui Sá da CDU foi peremptoriamente qualificada por Maria deBelém como "impossível de ser de um partido de esquerda".

Defendo há muito que os tradicionais conceitos de "esquerda" e "direita" vêm perdendo grande parte da sua operacionalidade analítica. Mas, com toda a fraqueza, nunca pensei que o processo estivesse tão adiantado. Francisco Louçã confundindo uma proposta de Fátima Felgueiras com uma proposta do seu Bloco de Esquerda? Isso é o que se chama "entregar o ouro ao bandido"...