04 novembro 2005

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

O meu post anterior não convenceu o Tiago que, no essencial, contesta esta minha afirmação:

Ora a verdade é que, contrariamente ao que Tiago Azevedo Fernandes aqui sugere, em nenhum ponto da entrevista Rui Rio afirma que “de facto vai ter que haver construções no Parque”».

"Não? Então vejamos" - diz o Tiago. Aí confesso que fiquei preocupado com a hipótese mais do que natural de me ter escapado algo na leitura da entrevista em causa. Para minha surpresa, porém, o Tiago transcreve as mesmas declarações de Rui Rio de que me servi para afirmar o que afirmei. Como através delas pode o Tiago concluir que Rui Rio disse que "de facto vai ter que haver construções no Parque" é um mistério que, sinceramente, não me sinto à altura de desvendar. Temo que nem ele mesmo.

O que sei é que quando o que está em causa (no meu post anterior) é unicamente o que Rui Rio disse ou não disse numa entrevista, Tiago prefere antes "apoiar" as suas conclusões naquilo que (em seu entender) o autarca poderia ter dito (mas não disse). Como o faz, por exemplo, aqui:

RR podia ter dito “nunca, jamais, em tempo algum!”. Mas não. Admite a possibilidade de (ele) abrir um debate. Amplo, “o maior”. Mas possível. E que pode levar ao aparecimento de “outros pressupostos”…

Daí a pergunta: como reagiria o Tiago se, pela minha parte, também ficasse aqui a criticar não o que o escreveu mas o que (suponho, desejo ou admito) poderia ter escrito? Com o devido respeito, caro Tiago, uma falácia dessas nem ao diabo lembraria. Qualquer debate depende do consenso mínimo de que... uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.


À margem:

O Tiago adianta ainda que considera "muito mais importante o que diz RR do que o que escreve AJT". É uma opinião que respeito mas de que não comungo. Primeiro porque o que diz Rui Rio (fora da comunicação social) atinge apenas um auditório muito limitado enquanto que o que escreve António José Teixeira no DN chega, no mínimo, a todo o país. Segundo, porque se a importância de um jornalista se pode avaliar pelo que diz ou escreve, já a importância de um autarca medir-se-á essencialmente pelo que faz. Mas nem isso permite a comparação, tão diferentes são as suas actuais funções e responsabilidades públicas ou sociais. Por mim, tenho a mesma consideração pelos dois. Só não os considero isentos de crítica. Claro.