29 dezembro 2005

A fidelidade como prova de amor

Prado Coelho, inspiradíssimo, relata-nos no "Público" de hoje uma sua recente e atribulada passagem pelo Hospital de Santa Maria:

O tal corredor à esquerda de que já falei conduzia ao Serviço de Observações, que não me deixou boas recordações. Há uma espécie de princípio: "ó vós que aqui chegais abandonai tudo o que pertencia ao mundo." Um despojamento total. Tire a roupa: anotam peça a peça e amarrotam-na cuidadosamente em sacos que não têm pegas, para dar ao acompanhante que espera lá fora. Depois disseram: "Tire os óculos." Respondi: "Não tiro." A seguir o reló­gio. E segundo o regulamento, deveria entregar o telemóvel. Recusei. Por fim, o livro que levava comigo. Segundo o regulamento, não se pode ter livros! É assim que pretendem fomentar a lei­tura? Recusei entregar os Doidos e Amantes da Agustina Bessa-Luis, dizendo que da Agustina ninguém jamais me separaria.

Doidos e Amantes. Na saúde e na doença. Fidelidade absoluta a Agustina. Não há prova de amor mais genuína. Ou há?