27 fevereiro 2006

O dinheiro ou a vida

Para Helena Garrido - que assinou o magnífico Editorial do DN de ontem - a iniciativa do Governo de criar o complemento solidário, antecipado na sua concretização, para idosos que vivem com reduzidos recursos financeiros, é louvável mas não será a melhor forma de combater a pobreza dos idosos.

Também penso que, mais do que dinheiro, o que é preciso é levar vida aos idosos que se encontram
"prisioneiros da solidão, da doença ou de casas nos últimos andares em prédios antigos". Daí que, tal como sugere Helena Garrido, a protecção do Estado deva antes obedecer a uma lógica de prestação de serviços ou de efectivo apoio. De que serve atribuir uma verba em dinheiro (seguramente exígua) se o idoso não está já sequer em condições físicas de sair à rua para o gastar? Mas também não adianta exigir do Estado mais do que ele, efectivamente, pode dar. Em tempo de penúria, o Governo terá feito o que lhe era possível fazer. Só que situações tão cruéis como estas exigem muito mais. Exigem companhia, calor humano, apoio concreto em cada caso e, sobretudo, uma nova cultura de compreensão e ajuda inter-geracional que leve vida, de novo, aos que por doença ou por velhice dela se viram um dia forçados a desistir.