A retórica do balão de ensaio
Na sua coluna "Palcos de Discórdia", no Público de ontem, Mário Mesquita desmascara sem dó nem piedade a desajeitada retórica do balão de ensaio a que recorreu há dias o Ministro da Saúde para acenar com a necessidade de um novo modelo de financiamento do SNS. Bastou-lhe, para tanto, recuperar duas das declarações que o ministro fez ao Público:
1ª.
"Eu não desisti: o meu papel tem sido o de tentar mostrar que, com boa gestão, o actual modelo financeiro é viável através do corte da gordura, do corte do desperdício."
2.ª
"Quando o país se convencer de que isso não basta, então será necessário encontrar outro mecanismo de financiamento".
Diz Mário Mesquita, e muito bem, que a 1ª declaração é contraditória com a 2.ª e que o normal cidadão não tem qualquer dificuldade em deduzir:
a) que o ministro já sabe, mas ainda não quer ou não pode assumi-lo por inteiro, que a gestão rigorosa não bastará para viabilizar o sistema (se Correia de Campos diz "quando o país se convencer", é porque ele próprio já está convencido).
b) que esta retórica do balão de ensaio visa apenas preparar a opinião para os passos seguintes (e a contenção em curso serve apenas para tirar a prova real).
Ao cronista não lhe parece que este seja um bom método de comunicação política pois num tempo de restrições e apelo aos sacrificios, a curto prazo, não será avisado adensar as nuvens negras inscritas no horizonte (o tal médio e longo prazo a que me referi três posts atrás). Mas, por mim, talvez fosse de ir mais longe e deixar a pergunta: será esta uma boa maneira de governar?
1ª.
"Eu não desisti: o meu papel tem sido o de tentar mostrar que, com boa gestão, o actual modelo financeiro é viável através do corte da gordura, do corte do desperdício."
2.ª
"Quando o país se convencer de que isso não basta, então será necessário encontrar outro mecanismo de financiamento".
Diz Mário Mesquita, e muito bem, que a 1ª declaração é contraditória com a 2.ª e que o normal cidadão não tem qualquer dificuldade em deduzir:
a) que o ministro já sabe, mas ainda não quer ou não pode assumi-lo por inteiro, que a gestão rigorosa não bastará para viabilizar o sistema (se Correia de Campos diz "quando o país se convencer", é porque ele próprio já está convencido).
b) que esta retórica do balão de ensaio visa apenas preparar a opinião para os passos seguintes (e a contenção em curso serve apenas para tirar a prova real).
Ao cronista não lhe parece que este seja um bom método de comunicação política pois num tempo de restrições e apelo aos sacrificios, a curto prazo, não será avisado adensar as nuvens negras inscritas no horizonte (o tal médio e longo prazo a que me referi três posts atrás). Mas, por mim, talvez fosse de ir mais longe e deixar a pergunta: será esta uma boa maneira de governar?
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