Um código de ética para os menos sérios?
Venha o código de ética “um código de conduta que impeça os menos sérios ou os mais desatinados entre as empresas de conselho em comunicação de fazerem promessas que não podem cumprir e que são eticamente reprováveis” – proclamava Luis Paixão Martins, em artigo publicado ontem no Público.
Mas esperem lá. Desde quando é que um código de ética evitou que os menos sérios continuassem a praticar actos eticamente reprováveis? Sim, desde quando? Deontológica, teleológica ou fenomenológica, pouco importa, a ética emerge do foro íntimo e determina uma atitude ou pensamento próprio, na relação com o outro. Hume disse um dia que “nada é mais livre que a imaginação humana”. O mesmo se poderia afirmar do pensamento. Na prática, todos têm o seu quadro axiológico, todos se reclamam dos mais nobres princípios, todos formam uma ideia de “bem”. Mas há essa coisa das limitações da espécie. O “bem” pode adequar-se melhor ao próprio do que aos outros, ofendê-los até. Daí que, em caso de atropelo ou abuso, a comunidade reaja, censurando e punindo, com os meios legais que tem ao seu alcance. Uma coisa é certa: já de nada adiantaria recorrer à ética, pois o abuso é a melhor prova de que a dita não funcionou.
Pelo desenvolvimento do seu artigo, aliás, muito esclarecedor e informativo, vê-se que Luis Paixão Martins está bem por dentro do panorama actual das chamadas “agências de comunicação” que, algo eufemisticamente, insiste em designar como “empresas de conselho em comunicação”. Mas a confirmarem-se as práticas repugnantes a que alude, ainda que em registo hipotético, tudo o que há a dizer é que se impõe regular especificamente a actividade destas “agências de comunicação” e assegurar uma fiscalização eficaz. Isso, sim, calará a boca a quem ainda não viu na proposta do código de ética mais do que um mero expediente para retardar o respectivo enquadramento legal…
Mas esperem lá. Desde quando é que um código de ética evitou que os menos sérios continuassem a praticar actos eticamente reprováveis? Sim, desde quando? Deontológica, teleológica ou fenomenológica, pouco importa, a ética emerge do foro íntimo e determina uma atitude ou pensamento próprio, na relação com o outro. Hume disse um dia que “nada é mais livre que a imaginação humana”. O mesmo se poderia afirmar do pensamento. Na prática, todos têm o seu quadro axiológico, todos se reclamam dos mais nobres princípios, todos formam uma ideia de “bem”. Mas há essa coisa das limitações da espécie. O “bem” pode adequar-se melhor ao próprio do que aos outros, ofendê-los até. Daí que, em caso de atropelo ou abuso, a comunidade reaja, censurando e punindo, com os meios legais que tem ao seu alcance. Uma coisa é certa: já de nada adiantaria recorrer à ética, pois o abuso é a melhor prova de que a dita não funcionou.
Pelo desenvolvimento do seu artigo, aliás, muito esclarecedor e informativo, vê-se que Luis Paixão Martins está bem por dentro do panorama actual das chamadas “agências de comunicação” que, algo eufemisticamente, insiste em designar como “empresas de conselho em comunicação”. Mas a confirmarem-se as práticas repugnantes a que alude, ainda que em registo hipotético, tudo o que há a dizer é que se impõe regular especificamente a actividade destas “agências de comunicação” e assegurar uma fiscalização eficaz. Isso, sim, calará a boca a quem ainda não viu na proposta do código de ética mais do que um mero expediente para retardar o respectivo enquadramento legal…
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