21 maio 2008

A paz nasce no coração dos homens

Ontem à noite fui ao ISLA-Gaia assistir à palestra proferida pelo Prof. Adriano Moreira, no âmbito da comemoração dos 60 anos do Estado de Israel, uma iniciativa do Centro de Estudos de Israel, Médio Oriente e Mediterrâneo (CEIMOM). Do pensamento geo-político desenvolvido pelo grande professor, anotei:

* A incapacidade da ONU em fazer aprovar as suas propostas de resolução.

* A população que está neste momento em Israel já é uma nação, não é uma configuração social dispersa.

* A ordem política nos últimos 50 anos não foi a da ONU, foi a dos pactos militares. Quando o "muro" caiu cairam também os pactos militares e é por isso que hoje não temos nem uma coisa nem outra.

* É de criticar o unilateralismo americano que não pode continuar.

* O lugar de Israel é na Europa mas o largamento da Europa, por exemplo, tem tido um grande defeito: não há plano de governabilidade. De cada vez que alarga, primeiro alarga e depois, logo se vê.

* Para a conquista da paz, há que assegurar três circulos de entendimento:

1.º círculo: entre os que professam a mesma religião
2.º círculo: entre os que professam diferentes religiões
3.º círculo: entre as diferentes culturas

* Sobre a "fusão" do religioso com o político: não é de estranhar que outros ponham os valores religiosos no conceito estratégico que proclamam, oferecendo a salvação em troca da vitória armada. Já nas nossas descobertas o fazíamos, quando as subordinávamos a um projecto de evangelização.

* O direito de veto dos 5 países que o possuem nas Nações Unidas é um direito de veto no interesse próprio, não é um direito de veto no interesse global, como deveria ser. E o que o mundo precisa é de um direito de veto em favor dos países pobres ou menos desenvolvidos.

* Como chegar à paz? A paz nasce no coração dos homens, pois há muito que são conhecidas as causas das guerras. É necessário que a interdependência assegure a paz, não é com o unilateralismo que lá chegamos. Nós sabemos mais do que somos capazes de fazer. Sabemos que tem de acabar a venda de armas, de países ocidentais a países pobres de outras regiões. O que é que falta?

* Falta um ética para a sociedade global, rematou o Prof. Adriano Moreira que ao longo da conferência não se cansara de nos avisar: vocês vão ver, no final, que não temos motivos para ficar descansados. E é que não temos mesmo.