04 maio 2008

"Só amigos"

Numa fase em que o tempo corre bem mais depressa do que eu e os meus “fazeres”, não é para admirar que ande a ler com uma semana de atraso alguns jornais e revistas. Ainda assim, chegam-me textos tão frescos que, muito provavelmente, serão de todo o tempo. Textos como este, da Carla Hilário Quevedo, na Tabu*:

Só amigos


A genuína amizade entre homens e mulheres é há muito encara­da com desconfiança. Julgo que erradamente, mas entendo. A aproximação sexual é mais forte e sabemos que o sexo destrói qual­quer possibilidade de relacionamento desinteressado como a amiza­de deve ser. Não sei em que momento a curiosidade é ultrapassada mas quando tal acontece, é como se descobríssemos um novo mun­do, pacífico, alegre e carinhoso. A amizade entre homens e mulheres é benéfica para ambos porque apazigua a turbulência natural entre os sexos. A mistura é saudável e benéfica, porque implica a aceita­ção mútua das diferenças óbvias e bem-vindas entre homens e mu­lheres. Somos diferentes desde que pusemos o pé na Terra. E depois? O tempo tem provado que as nossas diferenças estão longe de chegar ao ponto da incompatibilidade, e apenas isso interessa. A amizade séria e duradoura só acontece se houver respeito profundo pela liberdade do próximo. Se tal não acontecer, en­tão não há amizade, mas apenas re­lações interesseiras, de dependên­cia emocional, ou ligações super­ficiais. Independentemente da desi­gnação, todas são perdas de tempo, absolutamente a evitar. E isto vale para todos.

* Edição de 25 Abril 2008