16 dezembro 2009

Pacheco na TV

O "Ponto Contra Ponto" do passado domingo, melhorou, mas pouco. Assim, como está, quero dizer, assim como continua, parece um programa para a rádio. Nada a opor contra o conteúdo que, como seria de esperar do autor, é bem polémico e por isso mesmo, também, muito interessante. Mas a forma, está longe de poder "passar" satisfatoriamente na televisão.

Pacheco vem melhorando o seu relacionamento com o teleponto (ou seja lá que auxiliar de memória for), mas ainda mantém por demasiado tempo o olhar afastado da câmara enquanto fala (apesar de para ela continuar de frente) como se estivesse a ler (mesmo que não esteja). Em rádio poderia, sem problema algum, fixar a atenção sobre o texto durante todo o programa, mas em televisão, sabe bem, estou certo, que não pode olhá-lo mais do que por breves e sucessivos relances, para saber o que dirá ao telespectador em seguida, olhos nos olhos. O que não é tarefa fácil, reconheço, para além do treino e da disponibilidade a que obriga.

Mas ou Pacheco Pereira aperfeiçoa um pouco mais a sua relação com o texto e com a câmara - para não parecer que está a ler um guião - ou, definitivamente, será mais indicado recorrer a uma estratégia de realização alternativa. Estou a pensar, por exemplo, em passar a ler palavra por palavra só enquanto a câmara mostra diferentes tipos de documentos ou ilustrações (filmes, fotos, mapas, esquemas, gráficos, textos, etc.) e em sempre que aparecer no ecrã, falar com a naturalidade do pequeno improviso (previamente estudado, bem entendido). Pode o discurso resultar menos certinho, mais hesitante, menos corrido, mas seguramente que se tornará mais vívido e atractivo. Muito melhor, portanto.