Isto é que é preocupante
Ao governo terá saído o tiro pela culatra: Marcelo causa mais estragos calado do que a falar. E o professor sabe disso, melhor do que ninguém. Não lhe retirem, portanto, esse prazer. Se estivesse em causa alguma coisa verdadeiramente importante para o país, concerteza que já a teria tornado pública. Como seria, aliás, seu dever.
De resto, como penso que Pacheco Pereira já sublinhou na SIC, não é preciso conhecer o que se passou na conversa entre Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Paes do Amaral para concluir que houve pressões. As acusações de Gomes da Silva falam por si, quer quanto à linguagem ofensiva utilizada quer quanto ao seu abusivo teor. E é isso que é grave, independentemente dos motivos que terão levado o professor a renunciar à sua colaboração na TVI. Como diz João Morgado Fernandes, no seu Terras do Nunca, é "normal que o governo critique e até apele aos tribunais ou entidades reguladoras". O que não é normal nem aceitável é que se meta onde não é chamado, isto é, na esfera da liberdade de opinião de um comentador político.
Seria bom que isso ficasse claro, em primeiro lugar, para o próprio governo. Porque uma coisa é considerar que as infelizes acusações de Gomes da Silva foram um irreflectido acto pessoal, uma reacção "a quente", outra é vir a apurar-se (como parece estar a acontecer) que se tratou de uma conduta reflectida, premeditada e traduzindo a vontade do próprio primeiro-ministro. Claro que, no plano teórico, restaria sempre a hipótese de tudo não ter passado de um erro de avaliação mais ou menos avulso. Mas se assim fosse, Gomes da Silva e o primeiro-ministro já deveriam ter apresentado públicas desculpas, o que, como se sabe, não aconteceu. Pelo contrário, fica a impressão de que, neste caso, Santana Lopes está a agir em coformidade com valores que radicam na sua mais profunda convicção. E isto, sim. Isto é que é preocupante.
De resto, como penso que Pacheco Pereira já sublinhou na SIC, não é preciso conhecer o que se passou na conversa entre Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Paes do Amaral para concluir que houve pressões. As acusações de Gomes da Silva falam por si, quer quanto à linguagem ofensiva utilizada quer quanto ao seu abusivo teor. E é isso que é grave, independentemente dos motivos que terão levado o professor a renunciar à sua colaboração na TVI. Como diz João Morgado Fernandes, no seu Terras do Nunca, é "normal que o governo critique e até apele aos tribunais ou entidades reguladoras". O que não é normal nem aceitável é que se meta onde não é chamado, isto é, na esfera da liberdade de opinião de um comentador político.
Seria bom que isso ficasse claro, em primeiro lugar, para o próprio governo. Porque uma coisa é considerar que as infelizes acusações de Gomes da Silva foram um irreflectido acto pessoal, uma reacção "a quente", outra é vir a apurar-se (como parece estar a acontecer) que se tratou de uma conduta reflectida, premeditada e traduzindo a vontade do próprio primeiro-ministro. Claro que, no plano teórico, restaria sempre a hipótese de tudo não ter passado de um erro de avaliação mais ou menos avulso. Mas se assim fosse, Gomes da Silva e o primeiro-ministro já deveriam ter apresentado públicas desculpas, o que, como se sabe, não aconteceu. Pelo contrário, fica a impressão de que, neste caso, Santana Lopes está a agir em coformidade com valores que radicam na sua mais profunda convicção. E isto, sim. Isto é que é preocupante.
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