03 junho 2005

Não, não e não

Sobre o referendo do momento:

1) que sentido faz prosseguir nos restantes países com o referendo do Tratado Constitucional Europeu no quadro de uma necessária ratificação unânime? Faz algum sentido? Não.

2) que sentido faz fingir que o chumbo de cada um destas países fundadores (França e Holanda) têm o mesmo significado político que teria (ou que terá) o eventual chumbo em qualquer outro país-membro? Faz algum sentido? Não.

3) que sentido faz continuar a correr para o referendo de um tratado, cujo texto e alcance político são ainda ignorados pela esmagadora maioria dos votantes, incluindo, grande parte das próprias elites nacionais? Faz algum sentido? Não.


O que faria sentido, então?

Faria todo o sentido esquecer o referendo e abrir a questão do tratado a uma verdadeira discussão pública europeia. Porque já toda a gente percebeu (mesmo quem nunca tenha lido o respectivo texto) que, nos termos em que o referendo vem sendo "institucionalmente" promovido, está (ou estava) em curso, uma verdadeira campanha de "cheque em branco". E isso, não há confiança política que o justifique.