30 maio 2005

Voto de contrabando

Segundo Pacheco Pereira (*) é o que teremos na votação do Tratado Constitucional Europeu se se mantiver o actual défice democrático de informação e debate sobre o que realmente está em jogo. Por outras palavras, se algumas das nossas mais destacadas figuras políticas insistirem em associar o SIM à salvação e o NÃO à catástrofe, em vez de promoverem a aberta e franca discussão pública. Não sei se Pacheco tem razão. Mas razões, seguramente que as tem, ao denunciar os "burocratas de Bruxelas" por quererem impor uma constituição quando não existe nação nenhuma, por procurarem um consenso meramente formal e abstracto (o do Tratado) quando não há entendimento nos mais importantes dossiers (vide, pescas e agricultura) e por insistirem na construção de uma Europa de ficção, completamente à margem da vontade dos respectivos cidadãos. Convenhamos que, no mínimo, são três boas razões para pensar, quem sabe até, para repensar, o voto de cada um.

(*) em declarações à TSF, reproduzidas no seu forum de hoje.