22 agosto 2005

O que "dizem" os cartazes

A julgar pela quantidade de cartazes (outdoors) que têm sido afixados por esse país fora, os diversos partidos estão a apostar cada vez mais na grande visibilidade deste tipo de propaganda fixa para captar o maior número possível de votos nas próximas autárquicas. Sabendo-se, como se sabe, que se trata de um recurso publicitário altamente dispendioso (nada condizente, por sinal, com a penúria que o país vive) é natural que muitos se interroguem sobre como e de onde virá tanto dinheiro. Mas isso é assunto para se conferir lá mais para adiante.

O que por agora mais tem chamado a atenção de alguns ógãos de informação é a estratégia de comunicação presente em cada outdoor e o seu presumível grau de eficácia. O Público, por exemplo, ainda ontem dava conta da apreciação que dois criativos publicitários fazem aos cartazes de Carmona Rodrigues, Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Vasco Rato e Francisco Assis. "Olhar afirmativo", "vínculo de proximidade" "mensagem para a população e para o partido", "hierarquia do olhar" são algumas das curiosas expressões com que estes dois especialistas em publicidade procuram traduzir o que está "escrito" nas respectivas imagens dos candidatos. Resta saber se os eleitores irão falar a mesma "língua" e se em algum caso sancionarão opiniões tão contundentes como a que Carlos Liz, um dos publicitários consultados, emite sobre o cartaz de Francisco de Assis: "um rosto assustado sobre um electrocardiograma".

Mas o que em matéria de outdoors políticos mais surpresa me tem causado é que continue a passar ao lado da crítica pública aquele cartaz do PS que aparece em tudo quanto é lugar mas que contém apenas o símbolo do partido e os seguintes dizeres: "Com os portugueses para um futuro melhor". Qual será a ideia? É o PS que está em crise de imagem? Ou é só para se saber que existe? O que é que, numa fase de austeridade, acrescenta ao partido "plantar" de Norte a Sul do país cartazes de tão elevado custo, só para lembrar que está "Com os portugueses para um futuro melhor"? Não é essa a obrigaçao natural de qualquer partido? Na falta de uma explicação lógica, o que parece é que o PS é o primeiro a reconhecer que os portugueses estão na dúvida.