16 outubro 2005

A despedida do Sr. Director: nem oito nem oitenta

O discurso de despedida do ainda director do Expresso, José António Saraiva, é um modelo de "humildade". Sobretudo porque conseguiu dizer de si próprio aquilo que mais ninguém disse. Terá sido para compensar a "secura" do comunicado da Impresa que de José António Saraiva se limita a referir-lhe o nome? Não se sabe.

O que se sabe é que a afirmação de que "Não temos uma única derrota na nossa folha de registo" aponta mais para uma certa obsessão pelo volume de tiragens ou n.º de exemplares vendidos do que para a qualidade do jornal propriamente dita.

O que se sabe, enfim, é que a expressão "Vencemo-los sempre!" quando referida, como é o caso, aos jornais concorrentes (que JAS não se coíbe de nomear), revela a supremacia de uma intenção erística (vencer por vencer) sobre o o rigor e valia do jornalismo praticado. Como que o insucesso mercadológico de tais concorrentes alguma vez pudesse certificar a qualidade do Expresso...

O Expresso é um grande jornal. E um director que permanece 22 anos à frente de um jornal como o Expresso só pode ser um grande director, independentemente das pontuais divergências de ideias ou de estilo que tenha suscitado. Mas a credibilidade e a serenidade (que JAS expressamente valoriza), para já não dizer o simples bom senso, mandariam que tivesse fugido de tão descabelado triunfalismo. É que nem oito nem oitenta...