Virar o jornalismo do avêsso
Joaquim Fidalgo analisa hoje, no Público, com a frontalidade que o assunto exige e o leitor merece, a candente questão das agências de comunicação que "metem" notícias nos jornais:
Se uma agência a trabalhar para uma grande empresa telefona a um jornalista e lhe diz que tem uma novidade sobre um empreendimento que a empresa vai lançar, oferecendo-lhe a notícia em primeira mão e garantindo que terá o seu exclusivo, o jornalista diz que não quer?. Sabemos que não é assim. Ele habitualmente aceita, todo satisfeito com a cacha, publica-a e até faz um brilharete junto da concorrência. No dia seguinte, a agência de comunicação vai ter com a empresa para quem trabalha - e de quem naturalmente recebe dinheiro -, mostra o recorte ao patrão e, implicitamente, dá-lhe a entender que foi quem conseguiu fazer sair a notícia no jornal, valorizando assim a sua posição. Isto, sabe quem anda nos jornais, acontece todos os dias. É corrupção, é tráfico de, influências, é falta de ética? Não necessariamente. Pode ser ou pode não ser, depende de muita coisa.
Exactamente. Sempre houve bom e mau jornalismo. E tudo leva a crer que assim é e que assim será. Mas transformar as agências de comunicação em bode expiatório é a última coisa que interessa aos próprios jornalistas, sob pena de se comprometerem eticamente ou de serem tomados por anjinhos. Muito oportunas são, por isso, as palavras de Joaquim Fidalgo, que sem negar o que “nos jornais acontece todos os dias” adverte contra o perigo (e a injustiça) de se associar, automaticamente, as práticas das agências de comunicação à corrupção, ao tráfico de influências, à falta de ética.
O que me parece é que, a bem do jornalismo e do interesse do leitor, do ouvinte ou do telespectador, dever-se-ia aproveitar esta onda de alguma suspeita sobre algumas das práticas ou procedimentos que influem cada vez mais na produção jornalística (e que como sabemos, estão longe de se confinar às agências de comunicação) para "virar o jornalismo do avesso”, isto é, para mostrar ao público como nascem e como chegam as notícias ao jornal, à rádio ou à televisão (a). Quem não deve não teme. E não tenho a menor dúvida de que a esmagadora maioria dos jornalistas, não deve.
(a) Sem prejuízo do imperativo anonimato da fonte.
Se uma agência a trabalhar para uma grande empresa telefona a um jornalista e lhe diz que tem uma novidade sobre um empreendimento que a empresa vai lançar, oferecendo-lhe a notícia em primeira mão e garantindo que terá o seu exclusivo, o jornalista diz que não quer?. Sabemos que não é assim. Ele habitualmente aceita, todo satisfeito com a cacha, publica-a e até faz um brilharete junto da concorrência. No dia seguinte, a agência de comunicação vai ter com a empresa para quem trabalha - e de quem naturalmente recebe dinheiro -, mostra o recorte ao patrão e, implicitamente, dá-lhe a entender que foi quem conseguiu fazer sair a notícia no jornal, valorizando assim a sua posição. Isto, sabe quem anda nos jornais, acontece todos os dias. É corrupção, é tráfico de, influências, é falta de ética? Não necessariamente. Pode ser ou pode não ser, depende de muita coisa.
Exactamente. Sempre houve bom e mau jornalismo. E tudo leva a crer que assim é e que assim será. Mas transformar as agências de comunicação em bode expiatório é a última coisa que interessa aos próprios jornalistas, sob pena de se comprometerem eticamente ou de serem tomados por anjinhos. Muito oportunas são, por isso, as palavras de Joaquim Fidalgo, que sem negar o que “nos jornais acontece todos os dias” adverte contra o perigo (e a injustiça) de se associar, automaticamente, as práticas das agências de comunicação à corrupção, ao tráfico de influências, à falta de ética.
O que me parece é que, a bem do jornalismo e do interesse do leitor, do ouvinte ou do telespectador, dever-se-ia aproveitar esta onda de alguma suspeita sobre algumas das práticas ou procedimentos que influem cada vez mais na produção jornalística (e que como sabemos, estão longe de se confinar às agências de comunicação) para "virar o jornalismo do avesso”, isto é, para mostrar ao público como nascem e como chegam as notícias ao jornal, à rádio ou à televisão (a). Quem não deve não teme. E não tenho a menor dúvida de que a esmagadora maioria dos jornalistas, não deve.
(a) Sem prejuízo do imperativo anonimato da fonte.
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