20 junho 2006

Excerto de um livro não anunciado (322)

É bem possível que esta visão tão céptica sobre os estudos do processo persuasivo se fique a dever, em grande parte, ao facto de não ter sido possível, até hoje, elaborar uma teoria unificada da persuasão. Como salientam Pio Bitti e Bruna Zani, embora a literatura neste campo seja muito vasta, quer no que respeita ao aprofundamento dos aspectos mais teóricos com base em diversos paradigmas explicativos, quer no tocante à recolha de dados empíricos acerca dos muitos parâmetros envolvidos no processo, “o resultado é um acervo muito heterogéneo de elementos que dificulta a tarefa de reconhecimento de uma direcção expositiva no labirinto das teorias e dos dados existentes” (*). Acresce que, segundo estes mesmos autores, para além das dificuldades criadas pela diversidade dos paradigmas em que se inscrevem, as numerosas pesquisas efectuadas têm sido “pouco entusiasmantes e, mesmo, marcados por contradições e superficialidades” (**). Ainda assim, parece manifestamente abusivo daí deduzir uma total ausência de progresso teórico, porque se não dispomos ainda de uma teoria que nos dê conta da multiplicidade de atitudes que estão por trás da adesão persuasiva, a verdade é que, como bem mostram Petty e Cacioppo, na sua obra Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approches, “cada uma dessas aproximações teóricas contribuiram numa importante medida para o entendimento do processo de persuasão” (***).

(*) Bitti, P. e Zani, B., (1997), A comunicação como processo social, Lisboa: Editorial Estampa, (2ª. ed.), p. 238
(**) Ibidem
(***) Petty, R. e Cacioppo, J., (1996), Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approaches, Oxford: Westview Press, p. XV