10 junho 2006

Retórica à mesa

O "Forno da Mimi" é o nome do restaurante de Viseu onde jantei ontem, no regresso de mais uma das minhas idas à Covilhã. Entrei na sala com aquela apreensão de uma primeira vez, mas rapidamente fiquei à vontade. Ambiente acolhedor, atendimento simpático, menu a condizer. O cabrito assado no forno a lenha, foi eleito à primeira volta. Ainda fiz a pergunta mais estúpida que se pode fazer num restaurante: "o cabrito está bom?". Que sim, que estava, que os clientes apreciam muito esse prato, blá, blá blá. Disfarçadamente, olhei as mesas mais próximas. Fiquei animado. Parecia tudo gente habituada a comer bem. Como será, por certo, o caso do Bastonário da Ordem dos Economistas, Dr. Murteira Nabo, que era quem se encontrava mais perto de mim.

Bom, não reparei no que o Sr. Bastonário comeu. Só lhe desejo melhor sorte do que a que tive. Nunca irei perceber as razões que levam um restaurante da gama média-alta a servir comida aquecida ao jantar (presumivelmente cozinhada ao almoço), fazendo-a passar por feita na hora. Tratando-se de prática de duvidosa aceitação, o mínimo que um restaurante de boa fé tem que fazer é anunciá-la ao seu cliente. Por maior que seja o risco de lhe desagradar, tudo é preferível ao engano que, uma vez detectado, custa muito a engolir. Além de que, regra geral, só enganará uma vez. Para mim, por exemplo, voltar ao restaurante "Forno da Mimi", de Viseu, é uma hipótese completamente posta de lado. Mau demais, para repetir. Uma grande decepção, quando comparado com o excelente "Restaurante Santa Luzia" que fica ali mesmo ao lado e que ontem, para meu azar, estava encerrado por motivo de férias. É bem verdade que um mal nunca vem só...