Primeiro-Ministro "desmente" Vital Moreira
É só comparar as respectivas reacções ao primeiro veto presidencial.
Vital Moreira:
Não está evidentemente em causa a legitimidade constitucional do veto presidencial (…). Mas o tema do diploma vetado e as razões do veto mostram uma evidente clivagem entre Belém e a maioria parlamentar (…). Só os distraídos é que podiam pressupor candidamente uma convergência entre as posições de Cavaco Silva e as do PS (…). Afinal, não basta a "boa fé e a inteligência" para apagar conflitos entre Belém e São Bento (…)
(in Causa Nossa)
Primeiro-Ministro:
1. Lendo, com atenção, a mensagem do Senhor Presidente da República, saliento em primeiro lugar, com agrado, que o Senhor Presidente da República comunga das nossas preocupações (…) Este é o ponto que considero determinante.
2. O Senhor Presidente da República considera, todavia, excessiva a sanção de rejeição das candidaturas que não preencham os requisitos de paridade exigidos pela lei. Essa é uma questão instrumental que, não pondo em causa o objectivo central da Lei da Paridade, vem, na mensagem do Senhor Presidente da República, apoiada em argumentos que merecem a melhor atenção.
(Público, 03 Junho 2006)
Em que ficamos afinal?
Das razões invocadas no veto, deduz Vital Moreira que há uma evidente clivagem entre Belém e a maioria parlamentar. Vai daí, mostra-se muito preocupado com a actual falta de meios para “apagar” conflitos entre Belém e S. Bento (ao mesmo tempo que os continua a “atear”). Já o Primeiro-Ministro, depois de ler com atenção a mensagem, afirma: “o Senhor Presidente da República comunga das nossas preocupações” e “Este é o ponto que considero determinante”. Diz ainda que a recusa por parte do Presidente da República da sanção de rejeição das candidaturas vem “apoiada em argumentos que merecem a melhor atenção”.
Perante isto, que indescortinadas razões levarão Vital Moreira a querer ser mais papista do que o papa? Conhecerá melhor o rumo do Governo do que o próprio Primeiro-Ministro? Estará convencido que este só não vê a aludida clivagem porque anda distraído? Não se sabe. O que se sabe é que as declarações do Primeiro-Ministro vieram desmentí-lo, em toda a linha. E vai-se ficando a saber também que a notável erudição de Vital Moreira, nem sempre leva a melhor face às suas naturais inclinações ideológico-partidárias. Repare-se, por exemplo, nesta afirmação que faz no seu post e onde lhe "terá fugido a boca para a verdade":
Só os distraídos é que podiam pressupor candidamente uma convergência entre as posições de Cavaco Silva e as do PS”
“E as do PS”? Mas desde quando é que um Presidente da República deve convergir com um partido? - Por aqui se vê como a eleição de Cavaco foi, além do mais, uma forma de garantir a não partidarização da Presidência da República.
Nota: Bolds meus.
Vital Moreira:
Não está evidentemente em causa a legitimidade constitucional do veto presidencial (…). Mas o tema do diploma vetado e as razões do veto mostram uma evidente clivagem entre Belém e a maioria parlamentar (…). Só os distraídos é que podiam pressupor candidamente uma convergência entre as posições de Cavaco Silva e as do PS (…). Afinal, não basta a "boa fé e a inteligência" para apagar conflitos entre Belém e São Bento (…)
(in Causa Nossa)
Primeiro-Ministro:
1. Lendo, com atenção, a mensagem do Senhor Presidente da República, saliento em primeiro lugar, com agrado, que o Senhor Presidente da República comunga das nossas preocupações (…) Este é o ponto que considero determinante.
2. O Senhor Presidente da República considera, todavia, excessiva a sanção de rejeição das candidaturas que não preencham os requisitos de paridade exigidos pela lei. Essa é uma questão instrumental que, não pondo em causa o objectivo central da Lei da Paridade, vem, na mensagem do Senhor Presidente da República, apoiada em argumentos que merecem a melhor atenção.
(Público, 03 Junho 2006)
Em que ficamos afinal?
Das razões invocadas no veto, deduz Vital Moreira que há uma evidente clivagem entre Belém e a maioria parlamentar. Vai daí, mostra-se muito preocupado com a actual falta de meios para “apagar” conflitos entre Belém e S. Bento (ao mesmo tempo que os continua a “atear”). Já o Primeiro-Ministro, depois de ler com atenção a mensagem, afirma: “o Senhor Presidente da República comunga das nossas preocupações” e “Este é o ponto que considero determinante”. Diz ainda que a recusa por parte do Presidente da República da sanção de rejeição das candidaturas vem “apoiada em argumentos que merecem a melhor atenção”.
Perante isto, que indescortinadas razões levarão Vital Moreira a querer ser mais papista do que o papa? Conhecerá melhor o rumo do Governo do que o próprio Primeiro-Ministro? Estará convencido que este só não vê a aludida clivagem porque anda distraído? Não se sabe. O que se sabe é que as declarações do Primeiro-Ministro vieram desmentí-lo, em toda a linha. E vai-se ficando a saber também que a notável erudição de Vital Moreira, nem sempre leva a melhor face às suas naturais inclinações ideológico-partidárias. Repare-se, por exemplo, nesta afirmação que faz no seu post e onde lhe "terá fugido a boca para a verdade":
Só os distraídos é que podiam pressupor candidamente uma convergência entre as posições de Cavaco Silva e as do PS”
“E as do PS”? Mas desde quando é que um Presidente da República deve convergir com um partido? - Por aqui se vê como a eleição de Cavaco foi, além do mais, uma forma de garantir a não partidarização da Presidência da República.
Nota: Bolds meus.
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