16 dezembro 2007

Jornalismo cosmético

Depois do que escrevi aqui e aqui, reparo que esta senhora consultora de beleza continua a fazer jornalismo, ou melhor, que esta senhora jornalista insiste em dar conselhos de cosmética no Jornal de Notícias, onde para o efeito mantém um consultório de beleza. Desta vez, a jornalista (que apenas como jornalista se intitula) faz de consultora de beleza especializada em cabelos oleosos e desata a dar conselhos não menos oleosos à suposta leitora Ema Gonçalves:

Leitora: Tenho o cabelo oleoso e lavo-o todos os dias, embora já me tenham dito que não o devia fazer. Existe algum tratamento para resolver este problema?
Jornalista: A oleosidade tem origem na pele do couro cabeludo que, tal como a pele do rosto ou do corpo, pode ser seca, oleosa ou normal. O que acontece é que depois se espalha pelo cabelo. Quando a produção do sebo é excessiva, os cabelos adquirem rapidamente um aspecto "gorduroso", que é mais evidente perto das raízes. (...) O que interessa é o seguinte: a produção das glândulas sebáceas, seja no couro cabeludo ou noutra área de pele, está relacionada com características genéticas e com o sistema hormonal de cada pessoa, nos quais os tratamentos cosméticos não actuam.

Depois de tanto relambório, o que interessa, agora digo eu, é o tipo de tratamento que a jornalista-conselheira-de-beleza acaba por "prescrever" à leitora: o uso de um vulgar champô para cabelos oleosos. Estou em crer, por isso, que, como consultora de beleza, não irá além da cultura cosmética do mais vulgar supermercado. Mas o que verdadeiramente surpreende é que continue a dar tais consultas na qualidade de jornalista, pois, para além do mais e que se saiba, nenhum curso de jornalismo contempla qualquer disciplina de cosmética ou habilita a dar lições ou conselhos sobre a oleosidade do couro cabeludo. Não haverá ninguém que ponha cobro a este tipo de mistificação jornalística?